29ª EDIÇÃO "GUIMARÃES JAZZ" 12 a 21 NOVEMBRO
Escrito por Jorge Gaspar em Novembro 12, 2020
O Guimarães Jazz apronta-se para consumar a sua 29ª edição de 12 a 21 novembro, vivendo ao longo destes dias no CCVF, onde se apresenta com mais de 100 músicos portugueses em nove concertos, decorrendo um deles no CIAJG.
Este é “um festival para tempos incertos”, nas palavras do seu programador, Ivo Martins. E as circunstâncias em que se realizará a 29ª edição do Guimarães Jazz serão especialmente exigentes tendo em conta o estado excecional de emergência determinado pela pandemia que atingiu o mundo no início de 2020 e que, desde então, tem provocado alterações radicais no modo de organização da sociedade. Perante um cenário de grande incerteza, o Guimarães Jazz encara o presente contexto como uma oportunidade para o festival descobrir novos pontos de vista sobre o jazz que possam ir de encontro às expetativas e desejos dos artistas e do público. Assim sendo, o programa é centrado sobretudo em projetos que envolvem músicos portugueses e alguns músicos estrangeiros a residir em Portugal (a única exceção será a Radiohead Jazz Symphony, um conjunto de seis músicos holandeses dirigidos por Reinout Douma e que atuará em conjunto com a Orquestra de Guimarães), um formato que permite um olhar mais alargado do que o habitual sobre o panorama musical nacional e que é, ao mesmo tempo, uma forma de catalisar novas colaborações e suscitar diferentes aproximações artísticas.
A impossibilidade de realizar os workshops e as jam sessions em condições que permitam cumprir as suas funções pedagógicas e conviviais (importantíssimas em eventos com esta natureza), obrigou a uma adaptação do festival mas, na ponderação do balanço entre as vantagens e as desvantagens deste formato temporário, prevaleceu a ideia de que a linha de força mais importante do Guimarães Jazz é a aceitação dos desafios do tempo, inventando soluções que lhe permitam alargar horizontes, e que essa será, no contexto altamente insólito em que atualmente vivemos, a melhor forma de honrar o património de resistência e de luta pela liberdade inscrito na memória genética do jazz.

A edição que se avizinha reúne em Guimarães, como habitualmente, diferentes abordagens jazzísticas, apresentando atuações de nomes como Andy Sheppard Costa Oeste, Duo Set e The Book of Void (duas formações que apresentam pela primeira vez no festival o mediático Peter Evans), César Cardoso Ensemble, o Projeto Big Band ESMAE / Guimarães Jazz, o Projeto Porta-Jazz / Guimarães Jazz (aqui interpretado por Hugo Raro, Miguel Amaral, Rui Teixeira, Alex Lázaro) e o Projeto Sonoscopia / Guimarães Jazz (por Miguel Carvalhais, Pedro Tudela, Gustavo Costa e Rodrigo Carvalho), juntando-se a este elenco os concertos Radiohead Jazz Symphony & Orquestra de Guimarães, Julian Arguëlles “Aqui e Agora” e Pedro Melo Alves’ Omniae Large Ensemble.
A abertura do festival será dedicada a três músicos de gerações, geografias e estilos diferentes que partilham uma relação de proximidade e afinidade com Portugal. É o caso do Andy Sheppard, músico e compositor que se destaca no jazz europeu juntamentecom o quarteto “Costa Oeste”, um grupo improvável constituído pelo contrabaixista e compositor Hugo Carvalhais, o guitarrista Mário Delgado e Mário Costa, um baterista cujo nome se destaca na nova geração do jazz português.

Ainda sobre a programação do festival, durante o dia 13 de novembro, o festival recebe: Peter Evans, “um trompetista de grande virtuosismo técnico e com uma atividade musical de largo espetro”, tal como se pode ler no comunicado feito pelo festival, que apresentará um concerto-duplo com: Gabriel Ferrandini, baterista da cena pós-free jazz contemporânea, e João Barradas e Demian Cabaud.
Julian Argüell é também um dos momentos mais aguardados do festival. O artista acompanhou de perto o circuito jazzístico do mais alto nível e atuará em septeto, com um conjunto de músicos portugueses que interpretará as composições de Argüelles naquela que será uma estreia absoluta. O concerto acontece no dia dia 20, pelas 19h30.

César Cardoso, Pedro Melo Alves e Pedro Carneiro são também alguns dos nomes que completam a programação do festival.
Os concertos decorrerão no Grande e Pequeno auditórios do Centro Cultural Vila Flor, à exceção do projeto Porta-Jazz / Guimarães Jazz que decorre na Black Box do Centro Internacional das Artes José de Guimarães.
Tendo em conta as novas medidas de combate à pandemia de COVID-19, a Oficina irá realizar os concertos da 29ª edição do Guimarães Jazz com horários de apresentação antecipados, de forma a garantir uma maior segurança.
Neste sentido, os concertos programados para os fins de semana terão início às 19h00 e durante a semana decorrem às 19h30. A única exceção acontece no dia 15 de novembro, domingo, com o concerto do Projeto Big Band da ESMAE / Guimarães Jazz a iniciar-se às 16h00.
O “respeito pela herança do jazz” e a “atenção para com o seu futuro” são as premissas de um diálogo que, segundo a organização do festival, não podia faltar.