3ª EDIÇÃO "FESTIVAL CRIASONS" 12 NOVEMBRO 2020 A 4 MARÇO 2021
Escrito por Jorge Gaspar em Novembro 12, 2020
Inaugurado em 2011, o Festival criaSons é o mais importante festival dedicado às tendências da música portuguesa contemporânea com encomenda de obras inéditas a conhecidos compositores, assim como a novos nomes da música erudita nacional.
São estes os compositores convidados desta edição, António Victorino de Almeida, Mário Laginha, Pedro Caldeira Cabral e Tiago Derriça.
- 1º concerto – 12 de Novembro – Maestro António Victorino de Almeida
- 2º concerto – 3 de Dezembro – Mário Laginha
- 3º concerto – 21 de Janeiro 2021 – Carlos Azevedo
- 4º concerto – 9 de Fevereiro 2021 – Tiago Derriça
- 5º concerto – 4 de Março de 2021 – Maestro António Victorino de Almeida
Locais : LISBOA, MADRID, FIGUEIRA DA FOZ, ALMADA, PORTO, ÉVORA, FERREIRA DO ZÊZERE E TOMAR.
CriaSons é um Festival inédito dedicado às tendências da música de câmara portuguesa contemporânea.
Na sua 3ª edição, continua a apostar na criação musical contemporânea, promovendo o ecletismo musical, cruzamentos e interações estéticas e artísticas, com a encomenda de obras inéditas a reconhecidos compositores do panorama musical português.António Victorino D’Almeida, Carlos Azevedo, Mário Laginha, Pedro Caldeira Cabral e Tiago Derriça são os anfitriões deste Festival que apresenta 15 concertos por eles desenhados, e que incluem também obras de cinco compositores emergentes, selecionados em concurso.Este ano, os selecionados são os compositores Daniel da Mata, Francisco Fontes, João Fonseca e Costa, Luís Salgueiro, Vítor Castro.A Direcção Artística do Festival está a cargo do maestro Brian MacKay, que também preside ao júri do Concurso de Compositores Emergentes Criasons.
A edição deste ano conta com o especial acolhimento do Teatro Nacional de São Carlos, onde são apresentados, em estreia, todos os programas. Os restantes concertos têm lugar em Madrid, Figueira da Foz, Almada, Porto, Évora, Ferreira do Zêzere e Tomar.Todos os concertos no TNSC são gravados pela Antena 2 para posterior transmissão.
1º concerto | 12 Novembro | 18h30
Programa António Victorino D’almeida
Daniel Davis (compositor emergente)
Brian MacKay, direcçãoAntónio Victorino d’Almeida, piano
Katharine Rawdon, flauta
Paulo Gaspar, clarinete
Franz Dorsam, fagote
Luís Vieira, trompa
António Quítalo, trompete
Taíssa Poliakova, Madalena Garcia Reis, pianos
Paulo Jorge Ferreira, acordeão
Pedro Silva, bateria
Luís Pacheco Cunha, Maria José Laginha, violinos
Isabel Pimentel, violeta
Carmen Cardeal, harpa
Programa
As Suites Teatrais
Apresentação por Achim Benning, Director do BurgTheater de Viena
António Victorino d’Almeida (1940) – Anton Tchekhov – “O Cerejal”, op. 60 (1982) para clarinete, violino, trompa, fagote, acordeão e piano
Encomenda do Burg Theater de Viena
Estreado no Burg Theater, Viena, em 1982 – encenação de Achim Benning
António Victorino d’Almeida (1940) – A relíquia Versão para piano a 4 mãos
Adaptação teatral do romance de Eça de Queiroz
Dramaturgia e música original de António Victorino d’Almeida
Encomenda do Burg Theather de Viena
Estreia em Portugal em 2000 (Teatro A Barraca, encenação de Hélder Costa)
Daniel Davis (1990) – Between a Man and a Butterfly (2020)
para violino, violoncelo e piano
Obra em estreia absoluta, composta para o Festival Criasons III
António Victorino d’Almeida (1940) – Georges Feydeau – “La Puce à l’Oreille”, op. 61 (1983) para quarteto de cordas, trompete, acordeão, harpa, piano e percussões
Encomenda do Burg Theater de Viena
Estreado no Burg Theater, Viena, em 1983 – encenação de Achim Benning
As Suites Teatrais
A música de cena, tanto ou mesmo até mais do que as bandas sonoras cinematográficas, deve reflectir o mais possível a personalidade do dramaturgo, obviamente, a das personagens, mas também a do encenador.
Assim, se O Cerejal tem uma estética musical que se associa claramente, penso eu, a Tchekov e à Rússia do seu tempo, também me parece indiscutível que esta minha partitura se deveu em grande parte aos conceitos do encenador Achim Benning – ao tempo também Director do Burgtheater de Viena.
Nessa encenação, a pequena orquestra de judeus ( que, noutras encenações, se faz apenas ouvir ao longe…) fazia parte da acção, reagindo de acordo com as situações criadas pelas personagens, podendo até «perder a cabeça» e entrar, aqui e acolá, por uma linguagem caótica condizente com acção que se desenrolava no palco.
Já em Feydeau, a partitura de La puce à l’oreille, que também escrevi para o Burgtheater, segue claramente a linha estética do chamado teatro de boulevard, mas não conta nenhuma história paralela. Sobretudo, situa-nos na época, respondendo, de quando em quando, ao humor do texto.
Assim, talvez pudesse ter sido “outro compositor” aquele que escreveu a música de cena para “Uma Donzela para um Gorila”, onde as truculências, por vezes surreais, do dramaturgo Arrabal mergulham os espectadores num estranho mundo de absurdos, pincelados aqui e além por inesperadas notas de realismo.
Este mundo de contrastes entre o burlesco e o brutal – ou também o sensual, com laivos de surpreendente candura -, foi-me sugerido pelo brilhante encenador Philippe Fridman, alguém que conseguiu transformar um grupo de jovens estudantes do Liceu Francês de Lisboa numa das melhores companhias teatrais de então.
A ligação do oboé ( também corne inglês) e da flauta à inusitada parceria de um piano e de um cravo, e destes a um naipe de percussionistas que engloba a chamada bateria de jazz, terá sido a minha tentativa de corresponder às truculências de Arrabal.
António Victorino D’Almeida, 2020
António Victorino D’Almeida | Compositor, maestro, pianista, escritor, apresentador e realizador. Estudou com Wladislav Kedra, Dieter Weber, Karl Schiske, Friedrich Cehra, Dieter Kaufman e Prof. Koslik. Como compositor, tem uma vasta produção, desde música para piano e de câmara, à música sinfónica, ao Lied e à opera, que o coloca, sem qualquer dúvida, entre os compositores portugueses com mais obras escritas. Bastantes dessas obras foram executadas ou dirigidas em concerto, tanto pelo próprio compositor como por grandes solistas e músicos de câmara e orquestras como a Sinfónica da RDP de Lisboa, a orquestra Gulbenkian, a Orquestra Sinfónica Portuguesa, a Nova Filarmonia, e Orquestra Metropolitana, a Orquestra Sinfónica de Biena, a Orquestra de câmara da Filarmónica de Viena, a Orquestra da ORF e diversos agrupamentos sinfónicos ou de câmara de Paris. Além disso, compôs mais de duas dezenas de músicas de cena, para os mais diversos teatros, em Portugal e no estrangeiro, nomeadamente o TEP, o TEC, o Teatro Nacional D. Maria II, A Barraca, o Bando, o Teatro da Graça, o teatro da Escola Politécnica, o Burgtheater de Viena, o Schauspielhaus de Zurique, o Kammerspiel de Hamburgo, além de também escrever bandas musicais para várias peças e séries televisivas. É igualmente autor da banda sonora de inúmeros filmes, tanto em Portugal como na Áustria ou nos Estados Unidos. Fora do seu catálogo de compositor, figuram ainda mais de meia centena de canções editadas em vários discos e CDs.
Daniel Davis | Estudou composição com Sérgio Azevedo, António Pinho Vargas e Luís Tinoco. Em 2014, a sua obra …from the last breath foi estreada pela Orquestra Gulbenkian sob a direção do maestro Pedro Carneiro. Daniel, foi o jovem compositor residente da Orquestra de Camara de Cascais e Oeiras e o compositor e produtor do teatro musical Baú da Descoberta. Em 2016, foi convidado pela Guildhall School of Music & Drama em Londres para realizar um doutoramento em composição, com os compositores Julian Philips, Richard Baker e Julian Anderson, financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian. Recentemente, foi convidado para fazer parte da comunidade ENOA após ter realizado o Workshop Novas Tecnologias com o compositor Michel van der Aa no Festival d’Aix-en-provence. Daniel, é um dos cinco jovens compositores residentes da London Philarmonic Orchestra para a temporada 2019-2020.