500 ANOS VIAGEM FERNÃO MAGALHÃES 19 JULHO LISBOA
Escrito por Jorge Gaspar em Julho 18, 2019
O mar entra pelo Mosteiro dos Jerónimos dentro, com um programa da Orquestra Metropolitana que comemora os 500 anos da viagem de Fernão de Magalhães.
“Ondas do Mar de Vigo,/ Se vistes meu amigo?/ E ai Deus!, se verá cedo?” – assim começa uma célebre cantiga de amigo do trovador galego Martin Codax, datada da viragem dos séculos XIII/XIV e que constitui uma das mais antigas manifestações da inspiração marítima na história da música. Em geral, os compositores da Idade Média e Renascença não dedicaram muita atenção ao mar e seria preciso esperar pelo Barroco para que o mar – quase sempre revolto – impusesse a sua presença. Na primeira metade do século XVIII, era rara a ópera que não incluísse uma aria di tempesta, um momento em que a personagem comparava o tumulto na sua alma ao desvario das ondas e do vento numa tormenta marítima, com a música a acompanhar as palavras com rajadas caprichosas e vagas alterosas. No Classicismo a temática marítima perdeu força, mas regressou em força no Romantismo e no Impressionismo da viragem dos séculos XIX/XX.
Muitas destas obras foram compostas em terra firme, sem mar à vista e sem que os compositores tivessem vínculos fortes ao mar ou experiências marítimas intensas. O único compositor com carreira marítima foi Nikolay Rimsky-Korsakov, que se tornou oficial da Marinha Imperial Russa e, em 1862, com 18 anos, embarcou num cruzeiro de dois anos e oito meses a bordo do clipper Almaz, que passou por Londres, Nova Iorque e Rio de Janeiro e durante a qual trabalhou nas suas composições. Em 1873, quando já regressara à vida civil, a Marinha Imperial criou expressamente para ele o posto de Inspector das Bandas Navais, cargo que ocupou durante 11 anos (sem ter de molhar os pés).
Mosteiro dos Jerónimos. sex 19 de Julho 21.30.
(via: timeout)