8ª EDIÇÃO FESTIVAL LITERÁRIO MACAU – ROTA DAS LETRAS. ATÉ 24 MARÇO.
Escrito por Jorge Gaspar em Março 20, 2019
Festival literário de Macau arranca com poesia de Sophia declamada em três línguas.
Entre escritores, editores, cineastas e músicos, são 40 os autores internacionais, do espaço lusófono e chinês, a marcar presença na oitava edição do Rota das Letras.
A poesia dá, pela primeira vez, o mote ao festival literário de Macau, certame que regressa ao território na sexta-feira. O certame tem ainda espaço para o “patuá”, crioulo macaense de base portuguesa, no ano em que se assinala o centenário do nascimento de José dos Santos Ferreira.
Entre escritores, editores, cineastas e músicos, são quatro dezenas os autores internacionais, oriundo do espaço lusófono e chinês, que marcam presença na oitava edição do festival literário de Macau – Rota das Letras. A iniciativa estende-se este ano até dia 24 em vários pontos da cidade.
Este ano, a poesia surge como “tema central”, uma vez que há uma “série de datas marcantes” que a organização “não queria deixar de assinalar”, disse à agência Lusa o diretor do festival, Ricardo Pinto.
“É o caso do segundo centenário do nascimento do Walt Whitman e Herman Melville [autores norte-americanos] e o centenário do nascimento de Sophia de Mello Breyner, Jorge de Sena e José ‘Adé’ dos Santos Ferreira [poeta macaense]”.
Ao mesmo tempo, o festival celebra o 100.º aniversário do Movimento Quatro de Maio, que “revolucionou e modernizou a literatura” da China, de onde “há vários autores que merecem referência especial no festival”, disse.
O certame arranca pela primeira vez nas Oficinais Navais, na zona oeste da cidade, com um painel de vários poetas chineses, seguindo-se uma primeira intervenção do escritor e jornalista Miguel de Sousa Tavares, filho de Sophia de Mello Breyner Andresen.
Em homenagem à mãe, Miguel Sousa Tavares vai partilhar o palco com David Brookshaw, “tradutor de várias obras de escritores lusófonos”, num “momento especial” onde poemas de Sophia serão declamados em português e inglês.
Depois desta primeira intervenção, a Associação Cultural d’As Entranhas desempenha uma performance sobre a poetisa. “Um momento a não perder”, sublinhou Pinto.
Para celebrar Jorge de Sena, a organização traz a Macau Frederick Williams, “um homem que foi o seu pupilo e colega de trabalho”, recorda o director do Festival.
A presença do patuá insere-se nas homenagens a José dos Santos Ferreira, “Adé”, que escreveu os seus poemas no crioulo local: “Vamos ter a felicidade de lançar um dicionário de patuá, do crioulo de Macau. Vamos ter o autor desse dicionário e ainda uma representação do grupo Doci Papiaçam”, acrescentou.
Outros destaques recaem no espetáculo de Pedro Lamares “Ode Marítima”, baseado no poema homónimo de Álvaro de Campos, e na presença de José Luís Peixoto, que vai lançar a tradução para português de uma obra do poeta chinês Jidi Magia.
No campo da música, as atenções voltam-se para Salvador Sobral, vencedor do Festival Eurovisão da Canção em 2017, que vai actuar pela primeira vez em Macau, num concerto agendado para o próximo domingo.
Dos países de língua portuguesa são ainda esperados José Luís Tavares (Cabo Verde), Hirondina Joshua (Moçambique), Gisela Casimiro (Guiné-Bissau) e Eduardo Pacheco (Angola), entre outros.
Apesar de esta edição se prolongar por menos dias do que em edições anteriores, o investimento manteve-se em cerca de três milhões de patacas, valor que Ricardo Pinto explica com o “número de performances que requerem produções avultadas”, nomeadamente concertos e uma peça de teatro de marionetas. Pinto sustenta que o “interesse [nesta edição] é manifesto”, tendo em conta os bilhetes já vendidos para alguns espectáculos.
(via: expedientesinico)