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NTR CALM

13:00 13:59

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A ARTE DA POESIA 21 MARÇO 13:30/14:30H "DIA MUNDIAL DA POESIA"

Escrito por em Março 20, 2020

Emissão 20

No âmbito da divulgação cultural na NTR, celebra-se e vive-se POESIA.

No Dia Mundial da Poesia, uma conversa abrangente sobre Poesia, seus Autores, a cada vez mais importância nos dias de hoje, com o convidado Mário Máximo. Na prática da Poesia, a visibilidade merecida.


“Se um poema não tomou de assalto um homem, das duas uma: ou não era um poema, ou não era um homem.
Resolver em sede de tribunal. Ou na rua.” (Vasco Gato)

Ou aqui na NTR. Em A ARTE DA POESIA.

Álvaro Alves de Faria, Jornalista, poeta e escritor. 

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“A poesia há de ter caráter. Aquele sentimento que a poesia exige do poeta que se busca e se traduz com a palavra que tantas vezes fere. A poesia está na contramão do mundo, cada vez mais distante dos que ainda cultivam sensibilidades e gestos de solidariedade. A poesia não quer viver de experiências. A poesia é.”

Há um momento certo

para se escrever um poema.

Uma hora certa. 

Um dia certo

para se escrever um poema. 

Uma vida inteira.

Lilliam Moro nasceu em Havana em 8 de março de 1946, e faleceu às 5 horas da manhã de sábado, 14 de março de 2020 em Miami.

«… então você entende que só pertence a um lugar se a alma se torna realidade sem tempo e se unifica em todos os tempos …»
(Na boca do lobo, Lilliam Moro)

1 Quando acreditávamos

que o horror havia passado de moda

e o homem temeroso já não baixava a cabeça

para passar inadvertido,

o indivíduo milenar escapava de novo

das páginas dos livros de História.

Os mapas estão cheios de pontos pequenos:

são tremores humanos sob o piedoso céu,

o medo revestido por uma pele, por um farrapo,

por uma gravata

daquele que caminha na ponta dos pés

para não ser notado,

para que o barulho de sua respiração

não desperte quem tem a razão, o punhal,

o discurso que deixa minha vida em pedaços,

o que parece ser meu semelhante

e até come, sorri, procria como eu,

mas retumbam suas pegadas

dentro do meu pequeno coração

porque quer salvar-me,

o que me insulta porque quer salvar-me –

uma vez e outra durante tantos séculos

empenhado em salvar-me.

Sempre tive de viver em estado de sítio.

Como fazê-lo entender que somente me salva

um par de certezas ou nenhuma,

os erros que me são tão estimados,

e até este fogo inútil

que como um deus me limpa a alma?

___________________________________________________

2 Quando de repente tudo cai em cima de mim

e sinto que tenho coisas a dizer,

apalpo meus bolsos, o cabelo, o coração

mas não encontro as palavras.

Como se a memória

fosse o chamejante papel de um jornal

e vão-se consumindo entre as chamas

o dito e o que ficou por dizer,

o lembrado e o esquecido,

e as letras crepitam, fazem-se fumaça

que se perde no ar

para que não se possam encontrar as palavras.

Ali, frente ao espelho,

já não vejo meu rosto,

apenas a ausência de palavras.

As sábias, as justas, as precisas,

as que herdamos mas não escolhemos,

essas que ficaram sem som

como um nó de medo na garganta

para que não se encontrem em lugar nenhum

que esteja fora de mim.

Mas as outras,

as infames, as rudes, as inúteis,

aquelas articuladas pelo incompreensível,

o falso resplendor das trevas,

a primeira e a última palavra:

as do amor e do caos

não só uma das duas

mas as duas, inevitavelmente juntas

comigo sempre.


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