“A ARTE DA POESIA” ANTÓNIO MANUEL PALHINHA.
Escrito por Jorge Gaspar em Junho 19, 2020
20 JUNHO 13:30/14:30H
No âmbito da divulgação cultural na NTR, celebra-se e vive-se POESIA, numa conversa sobre Poesia e seus Autores nos dias de hoje.
“Se um poema não tomou de assalto um homem, das duas uma: ou não era um poema, ou não era um homem. Resolver em sede de tribunal. Ou na rua.” (Vasco Gato)
Ou aqui na NTR. Em A ARTE DA POESIA.
O desassossego do Poeta, com a presença de António Manuel Palhinha, a propósito do seu livro “DESASSOSSEGO DA MINHA ALMA – POESIA E PROSA“.
Uma conversa a “três”, com a referência de um dos mais importantes poetas da língua portuguesa, o mais universal Poeta Português Fernando Pessoa, que nasceu a 13 de junho de 1888 em Lisboa.
DESASSOSSEGO DA MINHA ALMA – POESIA E PROSA
Este livro por si só é uma homenagem ao amor, uma declaração de amor que se eterniza na sua publicação.
Um livro que despertas os sentidos de quem lê e acorda vidas interiores adormecidas.
Recebeu uma apreciação por parte de uma investigadora e neuro-cientista que se encontra na contra capa. Está explicito na sua avaliação o que o poeta sente e quer transmitir nas suas palavras. DESASSOSSEGO DA MINHA ALMA – POESIA E PROSA, é um desassossego por amor, esse sentimento nobre e puro que tantos poetas tem inspirado ao longo dos séculos.
«MÃE
O que a vida nos ensina ilustra-nos o rosto
O rosto que no silêncio das palavras
Guarda em sonhos na profundeza dos pensamentos.
Guarda em ti e em mim uma canção de embalar
No regaço do teu colo, onde chorei lágrimas de dor
Onde chorei sem dor!…
Com a mesma intensidade com que me trouxeste ao mundo,
Fico quieto a respirar, a ouvir o teu coração.
Quando ele me falava, baixinho, no silêncio do teu olhar.
No teu silêncio das palavras.
Guardo neste álbum colorido das memórias
O que o teu rosto ilustra, o que a vida te ensinou.
Encerro os olhos para ver mais nítidas as linhas,
As cores, o teu contemplar, o sorriso que ilumina.
O que a vida te ensinou e que agora me ensina.
O que a vida nos ensinou!
Fico quieto, a respirar, a ouvir o meu coração.
A sentir cada batimento, viajo no teu abraço,
Nos beijos mágicos, nos corpos encostados,
Até onde se permitem fundir, a fusão das almas.
Na consciência infinita do que é o amor.
Mãe, o que é o amor?»
FERNANDO PESSOA (1888-1935) foi um dos mais importantes poetas da língua portuguesa e figura central do Modernismo português. Poeta lírico e nacionalista, cultivou a poesia, voltada para os temas tradicionais de Portugal, e ao seu lirismo saudosista, expressa reflexões sobre o seu “eu profundo”, as suas inquietações, a sua solidão e o seu tédio.
Dactilografou Fernando Pessoa, pela sua própria mão, aos 46 anos: “Profissão: A designação mais própria será ‘tradutor’, a mais exata a de ‘correspondente estrangeiro em casas comerciais’. O ser poeta e escritor não constitui profissão, mas vocação.”
Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas – a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus.
(Fernando Pessoa/Alberto Caeiro; Poemas Inconjuntos; escrito entre 1913-15; publicado em Atena nº 5 de Fevereiro de 1925).