A CAPTURA DO FUTEBOL

A notícia da vontade de que seja criada a superliga europeia não espantou ninguém
porque há muito que era preparado tal desiderato. Porém, houve uma eventualidade
que me surpreendeu: o ter surgido em pleno processo pandémico. Tão cruel atitude,
porque tendo laivos de cobardia, é indigna. De qualquer modo, há uma regra na vida:
o poder ataca com mais ferocidade quando os inimigos estão vergados e no chão.
Não acredito que este processo se desenvolva até ao fim. Não acredito que a superliga
europeia vá mesmo ter lugar. Mas estou seguro de que mais ano menos ano será
inevitável.

O dinheiro transformou-se no supremo arquiteto do universo negativo, do universo
negro. E quanto mais dinheiro se acumula mais secreta é a sua origem…

Se pensarmos que os líderes e donos da maior parte dos doze clubes que deram a cara
pela superliga são oriundos de centros de corrupção e mafiosidade não espanta esta
atuação agora vinda a lume. Lá estão sheiks de duvidosa legitimidade ou decência,
como estão oligarcas russos, como estão donos de empórios multinacionais.

E se a superliga europeia está a meter ‘os corninhos de fora’ em breve aparecerá um
ataque demolidor. E aí dificilmente haverá capacidade de resposta da FIFA, da UEFA e
das federações de futebol dos diferentes países. Esse ataque virá de uma superliga
mundial onde os clubes detidos pelos ‘magnates negros do mundo globalizado’ levarão
o futebol para um patamar de zero competitividade, disfarçado com espetáculo digno
de circos romanos. Ganharão os respetivos campeonatos ou superligas quem
‘globalmente’ for entendido como fator lucrativo maior. Fator que incremente até à
loucura os lucros das apostas viciadas à partida.

Agora, as garras serão recolhidas. Haverá uma dança com lobos que acabará com
‘beijinhos e juras de amor’. Mas o fatal desenlace está preparado. E os ‘cordeirinhos
mafiosos’ dos maiores clubes portugueses quererão ter alguma coisa a dizer nessa
altura. Por enquanto representam o papel dos defensores do futebol genuíno.
Parecem umas virgens arrependidas…tristes, tão tristes, por não terem sido chamados
à primeira vaga.

Estamos a assistir a um processo degradante e deprimente: a captura do futebol por
quem nada tem a ver com o futebol.

TWEETS COM CORAÇÃO
By MÁRIO MÁXIMO