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“A HORA DA ESTRELA”

Escrito por em Abril 30, 2021

Publicado manuscrito de Clarice Lispector.

Uma reprodução do manuscrito de “A hora da estrela”, de Clarice Lispector (1920-1977), com as correções e notas da autora brasileira nascida na Ucrânia, bem como variações de algumas passagens, vai ser publicada simultaneamente em Portugal, França e Brasil, na segunda-feira.

O livro tem a chancela da SP Edições, uma editora de origem francesa (SP Books, na versão original), com quase dez anos, especializada na reprodução de manuscritos de grandes obras da literatura, em edições limitadas e numeradas.

No seu catálogo, conta já com os manuscritos de “Alice no país das maravilhas”, de Lewis Carroll, “Jane Eyre”, de Charlotte Brontë, “Madame Bovary”, de Gustave Flaubert, ou “Notre-Dame de Paris”, de Victor Hugo, entre muitos outros.

São livros cuidados, em termos de confeção e de materiais utilizados, que pretendem a maior aproximação possível ao original, explicou à Lusa Jessica Nelson, fundadora e diretora (juntamente com Nicolas Tretiakow) da editora.

Esta é a primeira vez que se lança no mercado português, com um manuscrito da escritora brasileira Clarice Lispector, e é também uma estreia na edição em língua portuguesa, disse.

Uma primeira vez que não deverá ser a última, já que a editora está “a estudar futuros manuscritos de grandes autores”, ciente de que “a literatura em língua portuguesa é muito rica”.

Livro dentro de caixa feita à mão

Quanto ao manuscrito de “A hora da estrela”, Jessica Nelson explica que o livro vem dentro de uma “caixa feita à mão” em França, “estampada com um ferro de dourar e adornada com um desenho e um friso concebidos” na oficina de desenho da própria editora.

“A tiragem é de 1.000 exemplares. Uma nota do editor acompanha o manuscrito, e adicionamos anexos contendo notas de trabalho de Clarice Lispector”, revelou a responsável.

Além disso, o livro faz-se acompanhar pelas variações de várias passagens importantes, ensaiadas pela autora durante a elaboração do romance.

“Costumamos dizer que os manuscritos são matéria viva: eles estão sempre em movimento. No manuscrito de ‘A hora da estrela’, por exemplo, encontramos mais de uma versão para diferentes passagens-chave do texto: há duas versões da cena final do livro (a versão publicada seria o resultado da fusão dessas duas variantes). É o caso também do início do texto, inicialmente escrito de forma curta e condensada, e depois desenvolvido em várias outras folhas, mais próximo do que seria no final”, especificou Jessica Nelson.

Aliás, este é um dos maiores prazeres de trabalhar com manuscritos, confessa a editora, a possibilidade de “descobrir o autor, uma obra, a literatura de uma forma diferente”.

“Mais intimista, mais original, às vezes surpreendente. Como, por exemplo, quando descobrimos – e isso só foi possível graças aos manuscritos originais – que Marcel Proust hesitou muito antes de escolher a sua famosa ‘madeleine’. Nos primeiros rascunhos, ele oscilou entre uma torrada, uma bolacha, um bolinho sem nome…”.

Apesar de ter uma dedicação quase exclusiva aos manuscritos, a SP Edições interessa-se também por edições raras e ilustradas, pela bibliofilia e por desenhos de escritores.

“O manuscrito é um objeto de arte”

“No início, voltámo-nos espontaneamente para os manuscritos de romances franceses; hoje publicamos uma grande variedade de manuscritos”, entre eles o último caderno musical de Mozart ou a correspondência de escritores.

Fundada em França em 2012, foi só em 2016 que esta marca editorial se começou a projetar internacionalmente – com manuscritos como “Jane Eyre”, inicialmente, e “Teoria da relatividade geral”, de Einstein, posteriormente – “por meio da colaboração com prestigiosas instituições e agentes da vida cultural de diferentes países”.

Os ‘fac-símiles’ e as edições científicas já existiam muito antes do aparecimento da SP Edições. O que fez com que a editora se destacasse foi o facto de ser “a primeira a tratar o manuscrito como um objeto de arte, além de ser um objeto de estudo”, contou Jessica Nelson.

“Costumamos dizer que os manuscritos são matéria viva: eles estão sempre em movimento. No manuscrito de ‘A hora da estrela’, por exemplo, encontramos mais de uma versão para diferentes passagens-chave do texto: há duas versões da cena final do livro (a versão publicada seria o resultado da fusão dessas duas variantes). É o caso também do início do texto, inicialmente escrito de forma curta e condensada, e depois desenvolvido em várias outras folhas, mais próximo do que seria no final”, especificou Jessica Nelson.

Aliás, este é um dos maiores prazeres de trabalhar com manuscritos, confessa a editora, a possibilidade de “descobrir o autor, uma obra, a literatura de uma forma diferente”.

“Mais intimista, mais original, às vezes surpreendente. Como, por exemplo, quando descobrimos – e isso só foi possível graças aos manuscritos originais – que Marcel Proust hesitou muito antes de escolher a sua famosa ‘madeleine’. Nos primeiros rascunhos, ele oscilou entre uma torrada, uma bolacha, um bolinho sem nome…”.

Apesar de ter uma dedicação quase exclusiva aos manuscritos, a SP Edições interessa-se também por edições raras e ilustradas, pela bibliofilia e por desenhos de escritores.

“No início, voltámo-nos espontaneamente para os manuscritos de romances franceses; hoje publicamos uma grande variedade de manuscritos”, entre eles o último caderno musical de Mozart ou a correspondência de escritores.

(via: jn/artes)


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