"A MORTE DE DANTON" TEATRO NACIONAL SÃO JOÃO PORTO
Escrito por Jorge Gaspar em Setembro 16, 2019
18 A 29 SETEMBRO
Este relógio não tem descanso?, pergunta Danton, o tempo acelera, a História parece começar violentamente de novo, é esse o sentido primeiro de revolução, enfrentar o problema do começo. A Morte de Danton (1835) mergulha-nos no caos poético e sangrento da Revolução Francesa, mas esta peça é também ela revolucionária. Georg Büchner opera uma feroz fragmentação da forma teatral tradicional, lançando cenas curtas e longas, agitadas e meditativas num entrechocado fluxo narrativo que antecipa a montagem cinematográfica. É com ela que Nuno Cardoso inaugura uma nova temporada, a primeira enquanto diretor artístico do TNSJ. Através dela, o encenador vê um corpo social em permanente estado de convulsão e decomposição, uma orgia de carne humana. Mas as ruas de Paris, em 1789, são as mesmas por onde corre agora a revolta dos Coletes Amarelos. Ruas que desaguam nas margens do Mediterrâneo ou do Rio Grande, no regresso dos muros, na potência do ódio, no avanço dos populismos. Tão maus os tempos que correm. Quem poderá fugir-lhes? A Morte de Danton continua, ainda e sempre, a confrontar-nos com perguntas difíceis, terríveis. Até quando continuará a humanidade a devorar o seu próprio corpo? Este relógio não tem descanso?
FICHA ARTÍSTICA
de/by Georg Büchner
tradução/translated by Francisco Luís Parreira
encenação/directed by Nuno Cardoso
cenografia/set design F. Ribeiro
figurinos/costumes Nelson Vieira
desenho de luz/lighting design José Álvaro Correia
sonoplastia/sound João Oliveira
voz/voice Carlos Meireles
movimento/movement Elisabete Magalhães
dramaturgista/dramatist Ricardo Braun
assistência de encenação/direction assistance Nuno M Cardoso
com/with Afonso Santos, Albano Jerónimo, António Parra, Joana Carvalho, João Melo, Mafalda Lencastre, Margarida Carvalho, Maria Leite, Mário Santos, Nuno Nunes, Paulo Calatré, Rodrigo Santos, Sérgio Sá Cunha
produção/produced by TNSJ
Praça da Batalha
Porto