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"AMÁLIA, DITADURA E REVOLUÇÃO, A HISTÓRIA SECRETA" DE MIGUEL CARVALHO

Escrito por em Julho 27, 2020

PRÉ-PUBLICAÇÃO. ENTRE A DITADURA E A REVOLUÇÃO, A HISTÓRIA SECRETA DE AMÁLIA.

Chancela D. Quixote

“Amália, Ditadura e Revolução, a História Secreta”, de Miguel Carvalho, está nas livrarias com o selo da chancela D. Quixote. Pré-publicação da introdução da obra que resultou de uma investigação com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian.

Como a “Rainha do Fado”, a quem chamaram cantora do regime, se relacionou com a ditadura, financiou a resistência a
Salazar e sobreviveu às acusações do pós- revolução. “Amália, Ditadura e Revolução, a História Secreta”, de Miguel Carvalho, revela documentos oficiais, designadamente um registo dos serviços centrais da PIDE com o pedido de bilhete de identidade de Amália Rodrigues, de 1957, e um relatório de 1939 que incluía o nome da fadista na denominada “Organização Comunista no Fado”.

É ainda revelada uma carta do arquivo de Oliveira Salazar, “até hoje inédita”, que Amália Rodrigues lhe escreveu dias antes da inauguração da atual ponte 25 de Abril, em 1966, e na qual, escreve o jornalista Miguel Carvalho, a artista “se derrete de orgulho pátrio e elogios ao destinatário”.

Cruzando depoimentos recolhidos para esta investigação, factos históricos, depoimentos de arquivo, recortes de imprensa e várias entrevistas de Amália Rodrigues, a investigação junta pontas soltas sobre as relações políticas e privadas da fadista

Com um olhar jornalístico, entre o regime e a resistência, cruzando as histórias de quem teve oportunidade e o privilégio de conviver com a fadista, Miguel Carvalho quis mostrar que Amália não perde o seu “lado divino” mesmo quando resistimos à tentação de “colocá-la acima da espécie humana”. “Por muito que ela tenha tido uma voz dos deuses”.

O livro foi publicado a cerca de um mês da passagem de cem anos sobre a data de nascimento de Amália Rodrigues.

INTRODUÇÃO

Como Amália me aconteceu

E La Nave Va (1983), desconcertante filme de Fellini cuja ação decorre a bordo de um luxuoso navio, é o relato de uma viagem destinada a dispersar as cinzas da “maior cantora de todos os tempos” à volta da ilha onde nasceu.

Durante a navegação, cada passageiro reclama a posse da verdade definitiva sobre a vida da extinta “voz dos deuses”.
Juram conhecê-la melhor do que todos os outros, alardeiam intimidade, detalham e retalham-lhe a existência e a carreira.

Uns desesperaram a tentar compreendê-la. Outros presumiram tê-la desvendado.

E, no entanto, “para além do mito da cantora”, havia nela, segundo uma personagem, uma menina muito sensível e sozinha. “Quantas definições, quantas palavras, quantas histórias escreveram sobre ti. Mas nunca disseram quem realmente eras.”

Quem foi realmente Amália Rodrigues?

A ideia de escrever sobre ela acompanhava-me desde a sua morte.

Amadureceu nesses dias de elogios fúnebres e pelos anos fora, à boleia da polifonia de testemunhos e umas quantas revelações, a fazer lembrar o ambiente vivido no navio de Fellini. “Todos temos Amália na voz”, cantara António Variações, com propriedade. E todos pareciam reivindicá-la.

Eu, que chegara ao canto daquela mulher aí pelos meus 14 anos, através do saxofone de Rão Kyao (Fado Bailado), senti-me, com o tempo, fascinado pela “estranha forma de vida” que se escondia atrás do palco, das luzes e dos holofotes, à margem dos enredos do voyeurismo e dos sentimentos de posse em torno da figura pública.

A Amália que me interessava era a da mulher e das circunstâncias políticas que viveu.

A história de como atravessara dois regimes e vencera invejas artísticas e preconceitos ideológicos até ao final da vida e para lá do século que foi o seu.

(via: 24.sapo.pt)


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