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«AS CORES DOS AUTORES 55ª EMISSÃO» A POESIA DE "ANA P DE MADUREIRA" TORRENCIALMENTE FEMININA.

Escrito por em Fevereiro 22, 2019

Na tela da Rádio, Histórias, Conversas, Confidencias, Sensibilidades. Esculpindo Memórias. Produz Realiza JORGE GASPAR.

Emissão 55 – 23 Fevereiro – 14:30-16:30H

Na emissão de hoje, ANA P DE MADUREIRA. À conversa com a Autora, a propósito do seu livro de Poesia “Nos Dedos as Palavras”. Uma edição com chancela IN-FINITA.

LIVRO VII DA COLECÇÃO POIESIS. COORDENAÇÃO JOÃO DÓRDIO.

LANÇAMENTO A 24 FEVEREIRO NA LUCHAPA – OEIRAS.

estarei sempre 

para lá do espaço

no aquém do tempo

porque sou água

em que me espraio

e onde me choro

porque sou fogo

onde me acendo

e em que morro

EU

porque sou vento

em que me fustigo

ou me amacio

porque sou terra

vermelha e fértil

e pântano feita de lodo

porque sou metal

por onde me fundo

e também em que me corto

por isso

percorro-me em rio

nesse escaldar do meu sangue 

que importa que venhas tarde


se quando chegas 
é em mim que viajas

cada esconderijo
uma janela na pele 
e a ternura  escorregando-me
por entre o ardor das brumas

e no turvar do ver
toco-te no corpo
céu boreal que me entregas 
e sorvo

poro mundo 
vermelhão da noite
incandescente

íntimas as partes
que se erguem
na vontade do percurso

hirtos os corpos

em espasmo as mãos 


suor o que brilha pele afora
no pico da montanha
que nos sangra
nesse fervilhar tão de dentro

e que são as palavras

senão anjos que me tomam

depuram as grinaldas

e descalçam a floresta

que trago nos pés

alquimia das auroras

em jáculo

no branquear do sol ardente

que chama o mar

e em sílabas

o espuma

temporal

e no longo do cabelo a libido

caminha os olhos aguando-os

para lá do alto das vagas




não te apaixones por mim

A M O R

soletra-me apenas

e caminha-me vendado

que em ti SOU

não te apaixones por mim

A M O R

para que os meus olhos

continuem furna

e as minhas mãos passos

e os meus pés pássaros

sobrevoando-te a humidade da língua

não te apaixones por mim

A M O R

que me quero respiro

no útero das bocas abertas

nas palavras lacradas

pelo silencio saliva

envelope o NOSSO

sem carta que date o tempo

ou rotas que comandem o espaço

feito de um Eterno

para que nos transbordemos

inicio

num sempre

não te apaixones por mim

A M O R

para que a flor se te abra

sempre tenra e ávida

por receber-te semente

quero-me embriagada

sem geometria

ou volume

na previsibilidade

quero falar

em línguas nunca ditas

quero sorver ecos

das vozes escondidas

que no leito

da minha alma

e do meu fruto

vociferam

numa languidez rouca

o tumulto

do frémito das águas

agora dizíveis

bebida branca

alambique

inebriando as papilas

no deguste da carne figo

e pingando mel abro a flor


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