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CANAL DO POETARIADO

Escrito por em Fevereiro 22, 2021

22 FEVEREIRO  22H00

NAVEGAR É PRECISO…  COM XAVIER ZARCO.

Na 7ª. edição do Canal do Poetariado, navegamos até Portugal para encontrar o poeta XAVIER ZARCO e conversar sobre sua poesia.

 

 

 

 

Nascido em Coimbra, onde mora, Xavier Zarco teve seu primeiro poema publicado aos vinte anos, num jornal português. Em 1998, aos trinta anos, lançou seu primeiro livro, O Livro dos Murmúrios. Hoje, sua produção é vasta, mais de 30 livros de poesia, e, além de poeta, é também editor da Temas Originais, editora que publicou alguns poetas brasileiros, dentre eles Rubens Jardim e Álvaro Alves de Faria. Poeta premiado, entre diversos prêmios de prestígio, se destacam: Prémio de Poesia Vítor Matos e Sá, em 2004 e 2007, com “O guardador das águas” e “Variações sobre tema de Vítor Matos e Sá: Invenção de Eros”; Prémio de Poesia do Concurso Literário Manuel Maria Barbosa du Bocage, em 2005 e 2010, com “O Fogo A Cinza” e “Dizer do Pó”; Prémio de Poesia Raul de Carvalho, em 2005, com “O livro do regresso”; Prémio Literário da Lusofonia, em 2007, com “Nove ciclos para um poema”; ou o Prémio Nacional de Poesia Sebastião da Gama, em 2017, com “Breve Espólio da Pilhagem”. Em 2020, ao seu, ainda original, “Na ilusão do silêncio”, foi atribuído o Prémio Literário Pedro da Fonseca (Poesia). Em 2011, editou toda a sua obra, publicada em livro em Portugal, no Brasil sob o título: “Viagem pelos livros” (Escrituras, São Paulo). Neste programa, você terá acesso à conversa sobre a poesia hoje em Portugal, como se dá as relações entre os poetas brasileiros e portugueses, além de conhecer muitos dos belos poemas de Xavier Zarco.

 

 

Uma das coisas que mais me agrada quando leio poesia é quando algum verso, alguma estrofe, me desmonta.
Estava lendo Sob o Signo da Morte de Mário de Sá Carneiro, um livro de poemas escrito por Xavier Zarco, nosso convidado no Canal do Poetariado. Evidentemente, como diz o próprio título, todos os poemas relacionam-se com a questão do suicídio. Todavia, na última estrofe eu desmontei. Entre os nomes dos poetas suicidados ele interpõe algumas palavras. E o resultado, bem, o resultado você confere:
A, Mário de Sá-Carneiro, pa-
lavra, Florbela Espanca, suici-
da, Antônio Botto, e´, Antero de
Quental, utilizada, Ana Cristina
Cesar, para, Guilherme de Faria,
designar, Maria Ângela Alvim, a,
Vladimir Mayakovsky, pessoa, Al-
Fonsina Sorni, que, Eduardo Guerra
Carneiro, põe, Horacio Quiroga,
termo, Sylvia Plath, à, Manuel
Laranjeira, sua, Antonio Pozzi,
existência, Cesare Pavese,
sim, Camilo Castelo Branco, fa-
zê-lo é antecipar o inevitável.
Curioso?
Assista ao Canal do Poetariado e participe do bate-papo com este poeta português, morador de Coimbra, com mais de 30 livros publicados em Portugal, muitos deles publicados aqui no Brasil.
Não perca! (poetagem do querido Cesar Augusto de Carvalho)
(Rubens Jardim)

SONETO INGLÊS COM A ARANHA DO FORTE E O PACKARD DO CESARINY DENTRO

trouxe do forte a aranha no cabelo

e, passando na rua do ouro, vi

brilhar no olhar do mário, com desvelo,

a sombra do packard que por ali,

em tempos, passou, penso no que pensa

a aranha e o homem, esse que venceu,

fico-me pela aranha, vai tão tensa

porque esta sabe que o outro já morreu,

e a aranha não tem ar de suicida,

no meu cabelo um fio a prende ao fio,

mas vai tensa, ser musa é dar a vida

por um verso, e bem sabe que há um rio

que o poeta na folha quer traçar,

logo agora ao volante de um packard.

(Poema que conquistou o primeiro prémio no VIII Concurso “Poesia na Biblioteca” (Menção Especial do Júri), organizado pela Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova, Portugal, 2018.)

 

 


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