"CASTRO" TEATRO NACIONAL SÃO JOÃO 20 AGOSTO A 12 SETEMBRO
Escrito por Jorge Gaspar em Agosto 17, 2020
“Cativo é, quem de si se vence.”

120 minutos
Teatro Nacional São João E.P.E.
BREVE INTRODUÇÃO
A etimologia do apelido Castro remete para castelo, construção fortificada. É precisamente um território confinado e claustrofóbico, o de uma casa-país, o que Nuno Cardoso nos convida a habitar em Castro (1598), do poeta António Ferreira. Encenação estreada em março no Teatro Aveirense, a sua digressão pelo país foi interrompida devido ao confinamento que nos remeteu, curiosamente, a casa. Instalada agora no palco da nossa casa-mãe, com ela sinalizamos um (re)começo. Na sua leitura do drama histórico/lenda/mito dos amores de Pedro e Inês, Nuno Cardoso desvenda-lhe a modernidade e densidade intrínsecas, veladas pela poesia da linguagem e pela elocução. Castro coloca-nos face à intimidade concreta de personagens que se revelam cativas de si próprias. Como em A Morte de Danton, a questão da utopia (do amor, como da revolução) e do seu negro avesso são cruciais: o amor/desejo e o poder como vício e caos, como cegueira que escurece daquela luz antiga o claro raio. E como esse escurecimento se replica, tingindo de sangue e vingança o tecido familiar, num deslocamento do centro de Castro de Inês, e da razão de Estado como ficção e moral, para Pedro, na sua relação especular com o pai, Afonso IV. Que estrela foi aquela tão escura?
FICHA ARTÍSTICA
de/by António Ferreira
encenação/directed by Nuno Cardoso
cenografia/set design F. Ribeiro
figurinos/costumes Luís Buchinho
desenho de luz/lighting design José Álvaro Correia
sonoplastia/sound design João Oliveira
vídeo/video Fernando Costa
voz/voice Carlos Meireles
movimento/movement Elisabete Magalhães
dramaturgia e assistência de encenação/dramaturgy and direction assistance Ricardo Braun
com/with Afonso Santos, Joana Carvalho, João Melo, Margarida Carvalho, Maria Leite, Mário Santos, Pedro Frias, Rodrigo Santos
produção/produced by Teatro Nacional São João
Com Castro (1598), do poeta António Ferreira, Nuno Cardoso instala-se pela primeira vez no território de um cânone da dramaturgia portuguesa, pioneiro da tragédia clássica em Portugal. E quer habitar esta ficção literária, ela própria oferecendo uma leitura particular do drama histórico/lenda/mito dos amores de Pedro e Inês, para a dar a “ver com outros olhos”, revelando-lhe a modernidade e densidade intrínsecas, veladas pela poesia da linguagem e pela elocução. Um imenso palco-casa-país, espécie de maquete gigante dos espaços da ação, célula familiar primordial e claustrofóbica, coloca-nos face à intimidade concreta de personagens que se revelam cativas de si próprias e da sua irredutibilidade. Em Castro, como em A Morte de Danton, a questão da utopia (do amor, como da revolução) é crucial. É o seu negro avesso o que se expõe: o amor/desejo e o poder como vício e caos, como prerrogativa, impunidade e prepotência, como cegueira que “escurece daquela luz antiga o claro raio”. E como esse escurecimento tolda a decisão e se replica, tingindo de sangue e vingança o tecido familiar, num peculiar deslocamento do centro de Castro de Inês, e da razão de Estado como ficção e moral, para Pedro, na sua relação especular com o pai, Afonso IV. “Que estrela foi aquela tão escura?”









Sessões
Teatro Nacional São João
Praça da Batalha 112
Porto