“CONTOS ERÓTICOS E UMA CARTA DE AMOR” ANTÓNIO SEM CHANCELA EDIÇÕES FÉNIX
Escrito por Jorge Gaspar em Junho 1, 2020
O LIVRO DO DIA NTR
O erotismo é conceder ao corpo os prestígios do espírito.
(Georges Perro)
INTRODUÇÃO
O erotismo é uma das bases do nosso conhecimento, tão
indispensável como a própria poesia. E esta palavra não pode
ser silenciada nem assustar nenhum ser humano excepto
todos aqueles que estão presos na sua própria moralidade.
O termo erotismo faz referência segundo a história, ao Deus
Eros da mitologia grega, uma divindade que simboliza o amor
e a sexualidade. E foi nessa base que transpus para este
novo livro textos eróticos, porque, culturalmente, há duas
formas de entender o amor: um amor romântico e um amor
erótico. O primeiro pode ser exemplificado com a história de
Romeu e Julieta ou com os poemas da tradição romântica. O
amor erótico tem um claro ingrediente sexual e fica evidente
em romances como “O Amante” de Marguerite Duras ou em
“Lolita” de Vladimir Nabokov.
Para mim o erotismo dá à existência a dimensão da
eternidade. Ele projecta-nos para os ilimitados territórios
do sonho, do onírico e, muitas vezes, nos liberta da nossa
pessoal identidade. O erotismo não é um exercício da
libertinagem; mas é a práctica mais livre da própria liberdade.
O erotismo é a grande refutação à história “oficial”, “teológica”
ou “social” do amor, contende abertamente com a ortodoxia
e abre todas as janelas ao que se entende por hibridismo,
porque necessariamente enfrenta o pecado, desafia a
religião, entra em beligerância com a política e descobre o
maior de todos os universos que o ser humano pode fruir:
o da liberdade do corpo. E lembro-me que grandes poetas
portugueses fizeram da sua arte poética uma insurreição
do espírito e da carne e refiro apenas alguns: Eugénio
de Andrade, Maria Teresa Horta, Ary dos Santos, David Mourão-Ferreira e Herberto Hélder.
Por exemplo, Natália Correia escreveu que o erotismo contraria a pobreza literal das evidências não admitindo qualquer imposição à ordem
natural dos desejos.
O erotismo é um tempo que se nomeia e é a representação
mais sublime dos desacatos. São muitas as referências
culturais relacionadas com o erotismo. Na pintura, no
quadro de Goya “A Maja Nua” ou em “As Três Graças” de
Rubens, a nudez do corpo feminino se apresenta como
uma exaltação de paixão erótica. Do ponto de vista literário
existe o subgénero do romance erótico, onda a sexualidade
e o amor se cruzam, da mesma maneira que acontece com
os romances “Sexus” de Henry Miller e a “História de O” de
Jean Jacques Pauvert.
O erotismo é uma manifestação da sexualidade, cujas
características variam segundo a sociedade que se tome
como modelo. Embora definido num primeiro instante como
“paixão de amor”, é necessário salientar o seu carácter
revalorizador das formas próprias da sexualidade, tanto na
vida pessoal e social como nas manifestações culturais.
A reflexão sobre o erotismo, forma privilegiada das
relações interpessoais, nasce com a civilização. O seu
carácter de elaboração cultural e o importante papel que a
imaginação desempenhou em todas as épocas na elaboração
de códigos eróticos, levaram a assinalar que a diferença com
a pornografia reside mais no interesse deliberado desta por
suscitar a excitação, na função especificamente criativa do
erotismo. Por esse motivo, o erotismo tem sido fonte de
inspiração constante na literatura e nas artes.
Breviário de amantes, poético e realista, este livro
pretende não transigir, de modo algum, com os baixos
propósitos da pornografia. Pelo contrário, como livro de amor,
e de pleno amor vivido sob o signo de Eros, é que norteou
a minha intenção declaradamente assumida.
A introdução da perspectiva na pintura e na escultura
facilitou, a partir do Renascentismo, o diálogo erótico entre o
espectador e a obra. A partir do século XX o erotismo adquiriu
uma autêntica definição como tema independente, através
da obra de A. Beardsley, G. Klimt, H. Matisse e Picasso,
entre outros.
O erotismo expresso neste livro é a minha forma de viver
o amor e nele depositar todos os condimentos para que corpo
e alma se unifiquem na procura da unidade da plenitude
amorosa e sensual. Senão vejamos: O Cântico dos Cânticos
(ou Cantares de Salomão), livro da Bíblia, está repleto de
uma profunda dimensão erótica. É um cântico de acção de
graças, um hino de júbilo e de celebração de amor. O simples
contorno de um corpo de mulher é a primeira afirmação da
inteligência da vida.
A poesia erótica encontrou no mundo romano uma nova
dimensão ao incorporar elementos da linguagem coloquial
que facilitaram a expressão da sensualidade. Durante a Idade
Média, o género evoluiu para uma liberdade cada vez maior,
ao mesmo tempo que surgia quase contemporaneamente a
poesia do amor cortês, em que a inspiração erótica acontece
de uma forma altamente sublimada e codificada segundo
certas regras, fiel reflexo da sociedade feudal e cavalheiresca
na qual se desenvolve.
Podemos dizer que o erotismo é a exploração,
normalmente através da imagem e da palavra, de sentimentos
e desejos despertados pelo sexo, e funciona como reforço
desses sentimentos e desejos. Assim, por exemplo, um
objecto ou uma situação revestem-se de erotismo – assumem
uma dimensão erótica – se estimularem o desejo sexual.
(António Sem)
António Sem – Pseudónimo de António Manuel Gonçalves Filipe. Nasceu em 1945, em Algueirão. Autodidacta.
Académico de Mérito da Academia de Artes e Letras de Pontzen, Nápoles. Tem desenvolvido actividade profissional no campo da literatura, publicidade, decoração, teatro, pintura e jornalismo. Conta com três representações teatrais. De 1970 a 1981, dedica-se a outros sectores da vida cultural. Redactor e director gráfico em jornais e revistas. Pertence a conselhos redactoriais. Foi também nomeado coordenador dos suplementos de informática dos jornais “Diário de Lisboa” e “O Jornal. Em 1981, foi autor e apresentador de uma série, no canal 1 da RTP, com 6 episódios e intitulada “Mitos e Realidades”. Em 1985, funda e é eleito primeiro presidente da ARTLE – Sociedade Portuguesa de Artes e Letras e da LIZ-ARTE – União dos Artistas Plásticos de Lisboa. Foi membro do NERP – Núcleo dos Escritores e Recitadores Portugueses e participou como poeta convidado no espectáculo “Renascimento/Descobertas” no Padrão dos Descobrimentos, em Belém/Lisboa. Em 1988 foi o poeta convidado pró programa “Já está” de Joaquim Letria. Entre 1988 e 1989, foi consultor cultural nas Câmaras Municipais de Cascais e Oeiras. Em 1989 e 1990, foi crítico de arte no jornal “O Século”. Participou com pinturas nas telenovelas Passerele, em 1988, e Chuva de Maio, em 1990 (ambas no canal 1 da RTP). Foi membro do júri das marchas populares de Cascais e Setúbal, em 1989. Em 1990, é nomeado director da “Linha em Revista”. Em 1992 assume a Direcção Artística da Galeria Caixa da Arte no Porto. Em 1992 e 1993, foi membro do júri do FIVA (Festival Internacional de Vídeo do Algarve). Em 1994 é nomeado coordenador-geral dos fascículos “Espaços da Natureza “, do jornal “Público”. Foi coordenador-geral e pertenceu ao Conselho Editorial da revista “Correio da Natureza”, do Instituto da Conservação da Natureza. Nomeado Membro Honorário da Fundación Abelló de Barcelona. Edita em 1994 o seu primeiro livro de poemas intitulado “Os Rostos do Tempo”. Em 1995 é júri do concurso de pintura do programa “Festa na Feira” do canal1 da RTP. Em 1997 participa com pinturas na série para a RTP1 “Meu Querido Avô” de Raul Solnado e José Fanha. Em 1997 é membro do júri do VIII Concurso de Fotografia Dermatológica/Prémio Tito de Noronha/Schering Plough.
Fundador e sócio gerente da CHÃO DE PEDRA – Galeria de Arte/Art Gallery e responsável pela sua direcção artística. Em 1998 assume a direcção artística da Galeria de Arte da Casa do Pessoal da RTP. Em 2001 é co-autor do livro Portugália 75 Anos. Em Julho de 2001 publica o seu segundo livro de poemas intitulado “Momentos e Fragmentos”, editado pela Universitária Editora e apresentado pelo Ministro da Presidência Guilherme D’Oliveira Martins. Em 2003 publica mais um livro de poemas intitulado “ANALOGIAS”, apresentado na Sociedade de Geografia de Lisboa pelo padre Vítor Melícias e pela Dr.ª. Maria Barroso e editado pela Universitária Editora. Em 2015 edita o livro de poemas “DO OUTRO LADO DO ESPELHO”, apresentado pelo prof. Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio Foz, em Lisboa. Em 2016 edita o livro de poesia “ITENS DO CORAÇÃO Poemas e Cartas de Amor”, apresentado pelo Dr. Guilherme d’Oliveira Martins no Palácio Foz, em Lisboa. Está representado nas Antologias Poéticas “FLORILÉGIO I”, MILLENIUM – 77 vozes de poetas portugueses, TEXTOS E PRETEXTOS/O SILÊNCIO, NERUDA CEM ANOS DEPOIS, POESIA LIVRE (Curitiba-Brasil); A TRAIÇÃO DE PSIQUÊ, AUDÁCIA DOS SENTIDOS e À SOMBRA DO SILÊNCIO/À L’OMBRE DU SILENCE (Bilingue. Prefaciou diversos catálogos de pintores portugueses. Foi condecorado pelo Governo da República Checa com a Medalha Comemorativa dos 150 anos (1824-1974) do Compositor e Pianista Checo Bedrich Smetana por acções culturais desenvolvidas. Prefaciou diversos catálogos de pintores portugueses. Foi condecorado pelo Governo da República Checa com a Medalha Comemorativa dos 150 anos (1824-1974) do Compositor e Pianista Checo Bedrich Smetana por acções culturais desenvolvidas.ade de Geografia de Lisboa pelo padre Vítor Melícias e pela Dr.ª. Maria Barroso e editado pela Universitária Editora. Prefaciou diversos catálogos de pintores portugueses. Foi condecorado pelo Governo da República Checa com a Medalha Comemorativa dos 150 anos (1824-1974) do Compositor e Pianista Checo Bedrich Smetana por acções culturais desenvolvidas.
Tem hoje um extenso “curriculum” com presença assinalável em exposições individuais e colectivas, no país e no estrangeiro (41 individuais e 244 colectivas).