"DIA MUNDIAL DO CINEMA" DA ARTE Á LITERATURA
Escrito por Jorge Gaspar em Novembro 5, 2019

É conhecida como a sétima arte, mas hoje, dia 5 de Novembro, é a primeira. Isto porque hoje se celebra o Dia Mundial do Cinema e não podíamos deixar passar a data sem falarmos da arte que nos prende ao ecrã e que tantas vezes, dá vida aos livros que nos apaixonam.
DAS IMAGENS FIXAS ÀS IMAGENS EM MOVIMENTO
É difícil precisar quem fez o primeiro filme, uma vez que o conceito de filme nem sempre se refere ao tipo de filmes a que hoje estamos habituados. No entanto, houve alguns acontecimentos durante o século XIX que impulsionaram o surgimento do cinema. A invenção da primeira câmara fotográfica permitiu que, pela primeira vez, se congelasse um momento. Embora não fosse um instrumento fácil de transportar, e captar uma única imagem demorasse muito tempo, a possibilidade de haver algo que permitia guardar uma imagem mudou para sempre o curso da história.
Com esta possibilidade, muitos curiosos começaram a pensar se seria possível, algum dia, criar algo semelhante mas que em vez de uma imagem fixa captasse imagens em movimento. O tempo era um problema: como captar imagens em movimento se uma fotografia demorava largos minutos — até mesmo uma hora — a ser captada?
A solução demorou alguns anos a ser encontrada. Na década de 1870, tinha-se finalmente chegado a uma velocidade de obturador mais rápida. O primeiro teste para imagens em movimento foi, na verdade, obtido a partir de uma série de fotografias criadas para mostrar que, a certo ponto, um cavalo a galopar retira as quatro patas do chão. Eadweard Muybridge montou um circuito de várias câmaras, programadas para disparar em momentos específicos. Quando, mais tarde, as viu apercebeu-se de que, juntas, mostravam movimento.
Esta experiência foi reveladora para a fotografia e, posteriormente, para a cinematografia. Várias pessoas começaram a trabalhar para desenvolver câmaras que captassem doze imagens por segundo.

O INÍCIO DO CINEMA
Em 1891, a Edison Company, com a ajuda de Dickson, um dos colaboradores, conseguiu montrar com sucesso um cinetógrafo, a primeira versão de uma câmara de filmar. Este cinetógrafo permitia, com ajuda de uma película de filme, em celuloide, quinze metros de película a uma velocidade de 40 frames por segundo.
Depois, surgiu a oportunidade de Dickson criar um protótipo de um cinetoscópio, que permitia que uma pessoa de cada vez visse imagens em movimento, algo único e inovador para a época. Esta foi uma invenção tão marcante que houve várias exposições por todo o mundo. A de Paris, acabou por ter um impacto diferente na história, uma vez que inspirou os irmãos Lumière a tentar algo novo.
Em dezembro de 1895, os irmãos Lumière apresentavam em Paris uma projeção de imagens em movimento para uma audiência, naquilo que se pode dizer ter sido a primeira exibição cinematográfica da história do cinema. Georges Méliès ficou tão impressionado com a invenção que tentou comprá-la aos Lumière, mas estes recusaram. Assim, Méliès começou a trabalhar na sua própria câmara de filmar.
Como ele, muitos outros começaram a tentar criar filmes. Primeiro, com recurso a stop-motion, através de fotografias sequenciais, depois, com câmaras de filmar. Foi assim que, no início do século XX, começámos a ter os primeiros filmes. Hoje seriam considerados curtas-metragens, mas os filmes com cerca de quinze minutos de duração eram, para a época, um grande avanço tecnológico.
SOM E COR
As primeiras décadas do cinema foram a preto e branco e sem som. No entanto, desde sempre, pelo menos para Thomas Edison, a ideia era tentar conjugar som e imagem. Edison chegou a vender cinetógrafos e fonógrafos sincronizados, de forma a dar imagem à música.
Léon Gaumont e Cecil Hepworth fizeram coisas semelhantes, dando banda sonora aos filmes que faziam. Só mais tarde se começou a tentar captar som ao mesmo tempo que se captava imagens. Os microfones da altura acabavam, no entanto, por dificultar o trabalho visto que tinham um alcance muito limitado.
Acredita-se que o primeiro filme a ter som e imagem sincronizados em pós-produção foi Hallelujah (1929). Mais ou menos na mesma altura, Walt Disney tornava-se pioneiro nos filmes de animação. Foi também em 1929 que se realizou a primeira cerimónia de entrega de Óscares, em Hollywood.
A cor começa também a surgir em alguns filmes, embora com um alcance de cores muito limitado. O primeiro fime a cores data de 1901 ou 1902 e foi feito por Edward Raymond Turner.
AS ADAPTAÇÕES SÃO TÃO ANTIGAS QUANTO O CINEMA
Apesar de muitos filmes terem guiões originais, também é verdade que desde sempre a literatura tem sido fonte de inspiração e ideias para o cinema. O primeiro filme de George Méliès, Le voyage dans la Lune, de 1902, era baseado em dois livros: Da Terra à Lua, de Julio Verne, e The First Men in the Moon, de H. G. Wells.
Não é, por isso, de estranhar que a literatura tenha sido um ponto de partida para o cinema e para os primeiros filmes. Nos Óscares, por exemplo, uma das categorias premeia o melhor guião adaptado e geralmente as adaptações decorrem de livros.
Muitos livros já deram origem a filmes, desde os mais recentes, como O Pintassilgo, aos clássicos como O Padrinho ou Orgulho e Preconceito. E como bons livrólicos que somos adoramos apaixonar-nos por personagens literárias e depois saber como é que elas se saem no cinema.
LIVROS ADAPTADOS PARA CINEMA
HARRY POTTER E A PEDRA FILOSOFAL, DE J.K. ROWLING

Esta é uma das sagas que não conseguimos mesmo ignorar quando se fala de adaptações cinematográficas. Os livros marcaram uma geração e os filmes não lhes ficaram atrás. Ainda hoje a série de livros criada por J. K. Rowling atrai milhares de leitores ao mundo de Harry Potter.
O primeiro livro da saga chegou às livrarias no ano de 1997 e o mundo ficou rendido ao menino que, aos 11 anos, descobre que é feiticeiro e tem lugar na escola de magia mais conceituada do mundo mágico: Hogwarts. Enquanto assimila a nova realidade da sua vida, descobre o que aconteceu realmente aos pais e conhece o seu grande inimigo, Lord Voldemort.
No cinema: O primeiro filme foi lançado em 2001 e foi realizado por Chris Columbus, e o último, em 2001, com realização de David Yates. Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint interpretaram, respetivamente, Harry Potter, Hermione Granger e Ron Weasley.
ORGULHO E PRECONCEITO, DE JANE AUSTEN

Quando publicou Orgulho e Preconceito, em 1813, Jane Austen não podia imaginar que, um dia, o seu romance ia ser visto por milhares de pessoas por todo o mundo. As invenções necessárias para o início do cinema ainda não tinha sido conseguidas.
Passado entre o fim do século XVIII e o início do século XIX, este clássico da literatura inglesa leva-nos até Elizabeth Bennet, que vive com os pais e as quatro irmãs no interior rural inglês. Lizzie conhece Mr. Darcy, por quem, inicialmente, sente algum desagrado.
No cinema: O livro já foi adaptado para cinema, televisão e teatro várias vezes. Uma das adaptações mais recentes aconteceu em 2005 e teve realização de Joe Wright. Keira Knightley, no papel de Lizzie Bennet, foi nomeada para o Óscar de Melhor Atriz e para o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Musical ou Comédia. O papel de Mr. Darcy coube a Matthew Macfadyen.
O PADRINHO, DE MARIO PUZO

Nova Iorque, anos 40. As organizações do crime debruçam-se sobre a emergência do consumo de drogas e a oportunidade da sua comercialização. Don Vito Corleone dá origem a uma guerra sem tréguas entre as Famílias e à luta desesperada pelo controlo do submundo da Máfia.
O livro de Mario Puzo foi o ponto de partida para a trilogia de Francis Ford Coppola. O primeiro filme foi lançado em 1972, o segundo em 1974 e o último em 1991. No entanto, o filme não segue todo o trama do livro. O primeiro filme é, também, o único que conta com Marlon Brando no papel principal.
No cinema: O primeiro filme chegou aos cinemas em 1972. Realizado por Francis Ford Coppola, o elenco de luxo, de onde se destacam nomes como Marlon Brando, Al Pacino e Diane Keaton, ainda hoje não deixa os admiradores de cinema indiferentes. Venceu, em 1973, o Óscar e o Globo de Ouro de Melhor Filme e Marlon Brando o Óscar e o Globo de Ouro de Melhor Ator.
AS VANTAGENS DE SER INVISÍVEL, DE STEPHEN CHBOSKY

O êxito comercial e a polémica em tono de As Vantagens de ser Invisível são quase proporcionais. Adorado por muitos, o livro de Stephen Chbosky foi proibido em muitas escolas dos Estados Unidos, devido ao seu conteúdo.
Nele, a personagem principal, Charlie, narra no seu diário os acontecimentos ocorridos ao longo do primeiro ano de ensino secundário. Charlie, que se torna amigo de Sam e de Patrick, logo no início do ano, lida com vários assuntos comuns a muitos adolescentes: sexualidade, drogas, introversão e saúde mental.
No cinema: O filme esteve quase para ser adaptado por John Hughes, mas o guião nunca foi terminado. Acabou por ser o próprio autor a adaptar e a realizar o filme. Lançado em 2012, o filme tem Logan Lerman, Emma Watson e Ezra Miller nos principais papéis.
CLUBE DE COMBATE, DE CHUCK PALAHNIUK

Quebramos a primeira regra do Clube de Combate — nunca falar do clube — porque temos de lhe falar sobre este livro.
Nele, o protagonista, anónimo, sofre insónias e começa a ir a um grupo de apoio a vítimas de cancro testicular… mesmo sem sofrer do mesmo. Lá, conhece a misteriosa Marta Singer, com quem não cria empatia inicialmente. Depois, o narrador conhece Tyler Durden, que faz sabonetes a partir de gordura humana. Marta revela-se a derradeira esperança de salvação quando os planos de destruição e caos traçados pelos rapazes começam a ir longe de mais.
No cinema: O filme, de 1999, foi realizado por David Fincher e tornou-se, com o passar dos anos, num filme de culto. Conta com Brad Pitt, Edward Norton e Helena Bonham Carter nos principais papéis. O ator e cantor Jared Leto também participa no filme.
(via: somoslivros)