EXPOSIÇÃO "COMO SILENCIAR UMA POETA" DE SUSANA MENDES SILVA
Escrito por Jorge Gaspar em Junho 7, 2020
Exposição inaugura a 10 de junho | Performances desde 21 de junho
O livro “Decadência” da poeta Judith Teixeira foi apreendido e queimado em 1923, no Convento de São Francisco, nas antigas instalações do Governo Civil de Lisboa com entrada pela Rua Capelo, hoje parte integrante do Museu Nacional de Arte Contemporânea. Como refere Vítor Silva Tavares, após 1927 Judith desaparece temporariamente de Portugal e dá-se um “emudecimento definitivo de uma voz tão incisivamente lançada à agitação”. Mas a potência destrutiva que silencia as e os artistas é muitas vezes revertida pela prática de se manter como presença fantasmática ao longo das décadas.
Para As coisas fundadas no silêncio, programa com direção artística de Marta Rema, a artista plástica Susana Mendes Silva desenvolveu “Como silenciar uma poeta”, um projeto proposto e desde logo acarinhado pelo Museu Nacional de Arte Contemporânea, que o integrou na sua programação para 2020.
Para além da Exposição, que estará patente a partir de 10 de junho, na Sala Polivalente do MNAC, o projeto ainda conta com duas performances — “Tradução #1” e “Tradução #2” — e a leitura performativa da conferência “De mim”, que a poeta e novelista Judith Teixeira publicou em 1926.
Susana Mendes Silva (Lisboa, 1972) é artista plástica e performer. O seu trabalho integra uma componente de investigação e de prática arquivística, que se traduz em obras cujas referências
históricas e políticas se materializam em exposições, ações e performances através dos mais diversos meios de produção. O seu universo contempla e reconfigura contextos sociais diversos sem perder de vista a singularidade do indivíduo. A sua intimidade psicológica ou a sua voz são inúmeras vezes veículos de difusão e receção de mensagens poéticas e políticas que convocam e reativam a memória dos participantes e espetadores. Susana estudou Escultura na FBAUL e frequentou o programa de doutoramento em Artes Visuais (Studio Based Research) no Goldsmiths College, Londres, tendo sido bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian. É Doutorada em Arte Contemporânea, pelo Colégio das Artes da Universidade de Coimbra, com a tese baseada na sua prática performativa – “A performance enquanto encontro íntimo”. É Professora Auxiliar na Universidade de Évora no curso de Arquitetura Paisagista.Organização:MNAC-MC/DGPCLocal:Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado, Lisboa