JOEL NETO LÊ "MERIDIANO 28" PODCAST TODAS 6ªS FEIRAS DURANTE 1 ANO
Escrito por Jorge Gaspar em Janeiro 2, 2020

O autor de Arquipélago e A Vida no Campo – anunciou hoje a Cultura Editora, em comunicado – começa esta semana a leitura pública integral de Meridiano 28, o seu romance com a II Guerra Mundial por pano de fundo. A iniciativa, de acesso livre, durará um ano, ao ritmo de um capítulo por semana, e pretende celebrar os 75 anos da vitória dos Aliados sobre o Eixo e da instauração da paz na Europa
CINQUENTA E DUAS, cinquenta e dois episódios, uma voz apenas – a do próprio autor. No ano em que se comemora o 75º aniversário da capitulação de Hitler e da libertação da Europa, Joel Neto lê na íntegra, num podcast sem precedentes em Portugal, o romance Meridiano 28, uma perspectiva da II Guerra Mundial a partir da cidade açoriana da Horta, onde ingleses e alemães viveram em paz até quase ao fim do conflito.
«É uma aventura louca, que nem sei bem como vou conseguir levar até ao fim. Mas hei-de fazê-lo», diz o autor no episódio introdutório, alojado no Soundcloud e já disponível na generalidade das plataformas de podcast, incluindo iTunes, Spotify e Castbox. Os episódios, de acesso livre para leitores, ouvintes e demais interessados, serão distribuídos às sextas-feiras – a começar já neste dia 3 de Janeiro, com o capítulo correspondente ao prólogo do livro.
Meridiano 28, com um total de 416 páginas e chancela da Cultura Editora, foi lançado em 2018 e rapidamente atingiu um lugar nos tops de vendas nacionais. «Será difícil, e talvez inútil, rotulá-lo quanto à sua filiação literária. A única evidência, e sobretudo a mais natural, é a da sua pertença à grande literatura portuguesa», escreveu, no Jornal de Letras, o romancista João de Melo. «A escrita é limpa e de qualidade, à medida da inteligência sóbria do autor, sem os enxames de clichés que para certas pessoas fazem boa literatura», acrescentou, no Expresso, o crítico Luís M. Faria.
Passado entre as cidades de Lisboa e da Horta, com passagens por Nova Iorque, Praga, Friburgo, Bristol ou Porto Alegre, Meridiano 28 conta a história de um encontro entre dois homens de tempos distintos, tio e sobrinho, e das mulheres que – como diz a sinopse oficial – talvez não tenham sabido amar. Por cenário tem a comunidade cosmopolita e burguesa que durante décadas desenvolveu, a partir da ilha do Faial, a telegrafia submarina, pondo em contacto o Atlântico e o mundo.
«Do mar em frente emergiam os periscópios de Hitler», explica o texto de contracapa. «Dezenas de navios britânicos eram afundados todos os meses. Já em terra, as crianças inglesas continuavam a aprender na escola alemã, dividindo as carteiras com meninos adornados de suásticas. As famílias juntavam-se para bailes e piqueniques. Os hidroaviões da Pan American faziam desembarcar estrelas do cinema e da música, estadistas e campeões de boxe. Recolhiam-se autógrafos. Jogava-se ao ténis e ao croquet. Dançava-se o jazz.»
Joel Neto é autor de romances como Arquipélago ou Os Sítios Sem Resposta (além de Meridiano 28), bem como dos diários A Vida no Campo, cujo primeiro volume lhe valeu o Grande Prémio de Literatura Biográfica da Associação Portuguesa de Escritores. Antigo jornalista, mantém várias colunas na imprensa e é um dos autores da rubrica O Fio da Meada, da RDP-Antena 1. Nasceu nos Açores, viveu vinte anos em Lisboa e regressou em 2012 à ilha Terceira. Em 2019 escreveu a peça de teatro A Vida no Campo e produziu o documentário O Caminho de Casa (versão cinematográfica do livro Muito Mais do que Saudade, com edição agendada para Fevereiro), ambos a meias com Catarina Ferreira de Almeida.
Meridiano 28: O poder redentor das grandes histórias, ao mesmo tempo um podcast e um audiobook, é uma iniciativa singular entre os escritores portugueses, podendo ser acompanhada semanalmente, ao ritmo da publicação de cada capítulo, ou recuperada nos episódios entretanto alojados nas diferentes plataformas. Gravação doméstica, em que o autor admite inclusive – como diz no referido Episódio 0 – não editar os eventuais bocejos dos cães lá de casa, tantas vezes alojados sob a sua mesa de trabalho, conta com o apoio da Cultura Editora e tem música de Luís Gil Bettencourt.
(via: joelneto)