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LANÇAMENTO "PONTE PEQUIM SOBRE O TEJO" ANTÓNIO OLIVEIRA E CASTRO

Escrito por em Junho 5, 2020

6 JUNHO 16H00

Concluído em pleno estado de emergência, o mais recente romance de António Oliveira e Castro antecipou as grandes questões filosóficas, políticas, económicas e ambientais que a pandemia por Covid-19 subitamente evidenciou.

Na impossibilidade de realizar uma sessão de lançamento presencial, o autor, a livraria Culsete e a Gradiva apresentarão o romance PONTE PEQUIM SOBRE O TEJO numa sessão por Zoom a 6 de Junho, pelas 16h.

Viriato Soromenho-Marques fará a apresentação da obra e será o moderador do evento.
A sessão terá ainda a intervenção do autor e da editora.

Para que possamos endereçar-lhe o link através do qual poderá assistir à sessão, pedimos que assinale o seu interesse em participar enviando-nos uma mensagem através da página de Facebook da Gradiva.

Organizando a sua vertiginosa trama numa célere sucessão de dias – ecoando uma inquietante combinação entre o Livro do Apocalipse e uma frustrada revisitação da Odisseia – a escrita violentamente poética de António Oliveira e Castro ganha nesta Ponte Pequim sobre o Tejo um novo rigor febril e uma exuberância ditada por um imperativo de urgência profética. Numa narrativa que se estende por mais de quatro gerações e tem como chão o planeta inteiro, esta obra conduz os leitores pelos labirintos e segredos da condição humana, numa paisagem credivelmente futurível, devastada pela cegueira da vitoriosa guerra de séculos de modernidade tecnológica contra a Terra, a nossa frágil e bela pátria cósmica.

As mulheres e homens deste livro movem-se, como sonâmbulos, ao encontro de um destino que não contém nenhuma promessa de redenção. Numa paisagem de incêndios perpétuos, com os céus permanentemente cobertos pela poeira dos desertos que avançam para Norte, com secas extremas que semeiam guerras pela água, ao mesmo tempo que o colapso da criosfera impele os oceanos a reclamarem para si as cidades costeiras, a fragilidade humana afunda-se numa impotência que ultrapassa os limites da pena e do sofrimento.

No quadro de Paul Klee, intitulado Angelus Novus, Walter Benjamin julgou surpreender o anjo da história, com o rosto angustiado voltado para o passado, que é um campo de ruínas deixadas pela tempestade invencível que o empurra irremediavelmente para o futuro. Quem leia este livro, ousará corrigir Walter Benjamin. O anjo da história não olha para o passado movido por compaixão pelas vítimas do progresso. Recusa vislumbrar o futuro, apenas por estar tomado pelo pânico de uma visão, que mesmo para um anjo seria insuportável.

Viriato Soromenho-Marques

Há um sabor escatológico neste romance que nos transporta do deserto de Taklimakan, na China, à tensão entre cristãos e muçulmanos, no Canto, uma aldeia perdida na raia.

Os avanços tecnológicos, que têm a sua expressão real e simbólica na megalópole de Xangai, não evitam que Lisboa, agora uma cidade chinesa, se transforme num Titanic afundado nas consequências catastróficas das alterações climáticas. Apesar deste quadro bipolar e opressivo, as personagens saídas da escrita opulenta de António Oliveira e Castro, resistem aos demónios libertados pelos novos Titãs, conservando assim traços de humanidade. Uma réstia de esperança, numa narrativa que não deixa o leitor em paz.

Pedro Vieira

António Castro nasceu  em Angola, no Bongo Lépi, em 1951.  Entre 1969 e 1971 publicou alguns  contos no jornal ABC de Angola, um  dos quais foi premiado pela Câmara Municipal de Luanda.  Publicou o livro de poesia Eu, a minha terra e a minha gente.  Em 1974, publicou Canções clandestinas da revolta latente (poesia).  Livros do autor publicados em Portugal:  Houve mesmo um Dia de Desespero  em Que Se Cultivaram Campos de Cicuta (1985, Caminho – poesia)  As Planícies donde Vim (1987, Caminho – poesia)  A Especiaria (2007, Guerra e Paz – romance), Tambwe – A Unha do Leão (2011, Gradiva – romance)  Coleccionadores de Sonhos (2017, Gradiva – romance).

Coleccionadores de Sonhos foi semifinalista do Prémio Oceanos 2018.


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