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LANÇAMENTO "SILÊNCIO SÁLICO" RAQUEL SEREJO MARTINS 17 JULHO 18:30H

Escrito por em Julho 16, 2020

LANÇAMENTO “SILÊNCIO SÁLICO” RAQUEL SEREJO MARTINS 17 JULHO 18:30H

No lento regresso dos lançamentos às livrarias, a SNOB acolhe a poeta Raquel Serejo Martins e o seu novo livro de poesia Silêncio Sálico, com apresentação a cargo de Maria Quintans, assim como a inauguração da exposição dos desenhos da pintora Ana Cristina Dias, que ilustram o livro.

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Se o coração pensasse,
parava de bater-me.

In Silêncio Sálico

Um livro que é uma soma de silêncios.


Raquel Serejo Martins (Trás-os-Montes, 1974), Economista, com pós-graduações em Direito Penal e em Direito Administrativo, vegetariana, dançava flamenco agora estuda violoncelo, tem três gatos, vive em Lisboa.

Todos os dias ouve uma canção do Sinatra, do Sabina ou do Buarque. Todos os dias lê pelo menos um poema.
Tem em papel dois romances: A Solidão dos Inconstantes (2009) e Pretérito Perfeito (2013), cinco livros de poesia: Aves de Incêndio (2016), Subúrbios de Veneza (2017), Os Invencíveis (2018), Plantas de Interior (2019) e Silêncio Sálico (2020), e uma peça de de teatro: Preferia estar em Filadélfia (2019).
Já escreveu duas canções.

Ana Cristina Dias (alfacinha, 1967), licenciada em pintura pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa, ao longo dos últimos 10 anos participou em inúmeros eventos de arte, arte urbana, ilustração de livros. Anda sempre com um estojo com lápis, um bloco de folhas lisas e uma máquina fotográfica, quase sempre à procura de pássaros. Os seus dias são passados a desenhar ou a pintar acompanhada de música, de preferência as que lhe trazem à memória bons sentimentos, e de um pássaro que dorme aninhado nos seus cabelos e que lhe destrói os papéis e as pontas dos cabos dos pincéis. O seu trabalho fala-nos sobretudo do imaginário infantil, esse universo fantástico onde as meninas e meninos têm cabeça de bichos, e da sua inquietação sobre desflorestação e a perda de habitats dos animais silvestres.

Em CUMPRIMENTO DA NORMAS EMITIDAS PELA DGS relativamente à COVID-19, a lotação da livraria está condicionada a 20 LUGARES sentados para assistir à apresentação, o que nos levou a optar pelo sistema de RESERVAS, assim, pedimos às pessoas que pretendam estar presentes que FAÇAM A SUA RESERVA, através de mensagem aqui, na página do evento, ou directamente com a livraria SNOB pelo e-mail: livrariasnob@gmail.com.
MAIS PEDIMOS que sejam cuidadosos na marcação das reservas, uma vez que, em caso de não comparência estão provavelmente a impedir a presença de terceiros.
Para obviar este constrangimento, e fazer a festa possível, A AUTORA E A ILUSTRADORA VÃO ESTAR PRESENTES NA LIVRARIA A PARTIR DAS 15:00 PARA VOS RECEBER, que um livro é também é um bom motivo para um encontro.

Edição: Julho de 2020 | Páginas: 156 | Encadernação: capa mole | Formato: 12cmx22cm | ISBN: 978-989-54747-8-3

RAQUEL SEREJO MARTINS : A CONVOCAÇÃO DO QUOTIDIANO NUM LIRISMO MELANCÓLICO

Nasceu em Trás os Montes em 1974.
Estudou em Coimbra.
Está por Lisboa há anos como economista, mais centrada no Direito Penal Económico.
Escreve romance, contos, poesia.
Assinalei-a em 2019 no livro de poemas Plantas do Interior. Agora em 2020 com o livro a ser editado no próximo sábado ,dia 17 de julho. Silêncio sálico.
Na revista Sábado já a lera.
Consta que é vegetariana e gosta de gatos. Nota-se que é pessimista .
De um conto na Sábado retirei o excerto,
“E porque a vida, há dias de tentação, de engulho, de fraqueza, de apetite, de vontade, de curiosidade, de morder o anzol, a maçã, o gomo da tangerina, os lábios de uma pessoa, pode ser uma pessoa estranha, pode não ser amor”.
Ou um poema particularmente belo recolhido na net:
“( …) vou olhar com olhos em cio todos os habitantes da cidade,
e no olhar mais brilhante encontrar um novo amante,
a quem vou, uma vez mais, chamar amor
e amar, poro a poro, sem pudor e sem decoro,
como um dia amei os meus amores perdidos “
(Poema, We will replace lost lovers).

Muitas vezes RSM equaciona-se no melindre, nos percalços do quotidiano. Mas vai muito mais além.
É como se a inauguração do real se configurasse nos objetos do dia a dia. Melopeia lírica de um eu melancólico , incandescente, lento e frágil.

“ A casa cheia de gente,
barulhos domésticos,
eletrodomésticos,
passos, palavras, risos, pratos,
patas de cão e de gato
(…)
o silêncio do meu quarto,
eu às escuras dentro do silêncio do meu quarto,
chamam-lhe o meu quarto,
mas nada tem de meu o meu quarto,
meu o silêncio,
um silêncio cheio de barulho e solidão”
In Silêncio sálico, p. 6.

A escrita de RSM é toda ela um apelo à finitude, ao glorioso gesto de um nada. O quotidiano aí está. O sujeito poético enlaça-se nos episódios de cada momento na certeza da aporia.
Uma enunciação sempre justaposta: o lirismo na sua máxima envolvência .
O ir buscar “ a senhora da limpeza do meu prédio “ ( p. 39). “ O balde”. O “grão”.
Mas após a nomeação destes elementos, a ousadia de um lirismo melódico, entristecido:
“Acordava tarde,
a encetar o dia só suportava café, cigarros
e Bach, na cozinha, enquanto a água não fervia,
lia o jornal ainda em papel,
num esmero despenteado e de pijama de seda,
sempre na companhia de dois gatos.
Reservava o verbo amar para gatos, livros, uma mulher”. (idem, p. 45).

O cansaço da existência, uma inabitabilidade num mundo . Um conspurcar . A procura sem êxito da felicidade.

“ Quero a ignorância
do instante antes da felicidade
a ignorância do instante
antes da catástrofe,
a surdez das paredes às orações
a surdez dos pés nos pedestais,
quero ser como os outros animais,
um pouco de prazer um pouco de dor
um pouco de amor um pouco de solidão(…)”.
(idem, p. 13).

Vão se buscar alguns clássicos. Da filosofia à música. Poesia densa . Em apoteose de filtros onde a dor e a persistência inundam o verso sublime

“ (…)
Agosto começou com o coração nos olhos,
termina com o coração atravessado na garganta,
o coração pode ler Platão
mas não escapa à lei da gravidade,
vai, inevitavelmente, entre folhas secas, acabar no chão (…)”
(idem,p. 56)
A palavra em RSM é toda ela uma toada de plumas e ausências. Perenes , a presença de gatos, plantas, coisas aparentemente vulgares.
Talvez o apelo a uma metafísica do real . Mas a intensa veia lírica projeta o real numa urdidura de grande beleza poética.
Aqui o apelo à leitura de Silêncio sálico. Agora mesmo, julho de 2020.

Lisboa, 14 de julho de 2020

(Cecília Barreira, CHAM-NOVA FCSH)


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