MARGARET ATWOOD E BERNARDINE EVARISTO VENCEDORAS BOOKER PRIZE 2019
Escrito por Jorge Gaspar em Outubro 15, 2019
Pela primeira vez em quase 30 anos, os júris do BOOKER PRIZE atribuíram o galardão a duas vencedoras em conjunto: Margaret Atwood, com a aguardada sequela sobre a história de Offred, The Testaments, e Bernardine Evaristo, cujo romance Girl, Woman, Other, fez dela a primeira mulher negra a receber o prémio britânico.
Na cerimónia de atribuição do prémio, que ocorreu segunda-feira, o presidente do júri, Peter Florence, declarou que, depois de mais de cinco horas em reunião com os restantes jurados, não foi possível escolher apenas um vencedor entre os seis finalistas da shortlist.
Após muita deliberação, e com o aviso explícito do diretor literário do prémio, Gaby Wood, de que não tinham permissão para dividir o prémio no valor de 50 mil libras, os jurados resolveram, ainda assim, distinguir as obras das duas autoras. “O nosso consenso foi a decisão de desrespeitar as regras e dividir o prémio deste ano para comemorar dois vencedores. São dois livros de que não queríamos desistir e quanto mais conversávamos sobre eles, mais os valorizávamos e os queríamos como vencedores. Não conseguimos separá-los”, explicou Florence.
Margaret Atwood, já tinha recebido o Booker Prize em 2000, com The Blind Assassin, gracejou com com o facto de o prémio ter sido dividido, dizendo que sendo “demasiado velha” e “não precisando de atenção”, ficava feliz que Bernardine Evaristo “tivesse alguma notoriedade”.
The Testaments é a sequela de A História de uma Serva, publicada 34 anos depois da obra original, continuando a distopia passada na República de Gilead e que deu origem a uma das séries mais vistas dos últimos anos, produzida pelo canal americano Hulu. Para os jurados, esta é uma obra “brutal e maravilhosa”, que chega até nós com “convição e poder”.
Com um enredo “impressionante e intenso”, Bernardine Evaristo ganha destaque com Girl, Woman, Other, uma obra sobre a Inglaterra e o que é ser mulher nos dias de hoje. Através da história de doze personagens, na sua maioria mulheres, negras e de origem britânica, a autora transporta-nos para a vida moderna, colocando-nos lado a lado com as dificuldades e contratempos de artistas, banqueiros, professores, donas de casa e mulheres das limpezas, desde a adolescência até à velhice.
UMA ATRIBUIÇÃO (QUASE) INÉDITA
De acordo com o site oficial da fundação do prémio, o Booker Prize já tinha sido atribuído em conjunto a dois vencedores, em duas épocas distintas: em 1974, Nadine Gordimer e Stanley Middleton partilharam o prémio pelas suas obras, The Conservationist e Holiday, respetivamente; e em 1992, Michael Ondaatje, pelo romance O Doente Inglês, dividido com Barry Unsworth e a obra Sacred Hunger.
Em 1993, as regras foram alteradas para que apenas um autor fosse galardoado com o prémio. Desde então, esta é a primeira vez que dois autores são anunciados como co-vencedores.
(via: bertrandptsomoslivros)