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MARIA MÁXIMA VAZ "MEMÓRIAS PRESENTEANDO A REALIDADE"

Escrito por em Outubro 25, 2020

“POR TERRAS DE EL-REI D. DINIS” A QUINTA DE GIL VAZ LOBO – A QUINTA NOVA DO MIRANDA – A QUINTA DO MENDES.

Três nomes e uma só quinta. Aquela que todos nós
designamos por Quinta do Mendes e onde hoje só existem
prédios urbanos, teve, que nós saibamos, pelo menos estes
três nomes.


Até 1678 foi seu dono D. Gil Vaz Lobo, filho de Gomes
Freire de Andrade e de D. Luísa de Moura. Participou,
com seu pai, na Revolução de 1640, tendo sido um dos
que procuraram a Duquesa de Mântua para a expulsarem
de Portugal. A sua carreira militar levou-o a todos os
pontos onde a Guerra da Restauração precisou do seu
valor, desde a Aclamação de D. João IV.


Não encontrei ainda a data do seu nascimento, mas os
registos da sua carreira dizem-nos que em 5/12/1630 lhe
foram concedidos 900 réis de moradia – mercê de moço
Fidalgo;

  • Em 2/2/1641 recebeu a patente de Capitão de
    Infantaria, para servir com seu pai em Campo Maior;
  • Em 20/11/1645 passou a Capitão de Cavalaria, a
    prestar serviço no Alentejo;
  • A 8/3/1657 foi armado cavaleiro da Ordem de Cristo,
    pelo Conde de Vimioso, D. Miguel de Portugal, na
    igreja de N.ª S.ª da Conceição em Lisboa. Neste acto
    solene, foi seu Padrinho D. Diogo de Almeida;
  • Em 14/8/1659, foi-lhe dada em Lisboa, a Carta de
    Governador de Cavalaria da Corte e Comarcas do
    Ribatejo, com o título de Tenente General de
    Cavalaria da Beira;
  • Em 10/5/1669, foi nomeado Governador de Armas da
    Província da Beira, pelo Príncipe Regente D. Pedro,

(que veio a ser rei depois da morte de D. Afonso VI, seu
irmão).


Este cargo retinha-o, a maior parte do tempo, em
Castelo Branco, onde veio a falecer no ano de 1678.
Quanto ao dia é que os documentos não são unânimes,
apontando-se o dia 7/3, o dia 6/5 e ainda o dia 7/5.
E se os seus cargos militares são elevados e honrosos,
os seus bens também são avultados.


A lápide tumular informa que era Alcaide de Vilar
Maior, Senhor das vilas de Coriceiro e Carapito e
Comendador da Comenda da vila de Puços.
Pelo seu testamento ficamos a saber que era dono de
uma quinta em Odivelas. Deixou uma importância em
dinheiro para que nessa quinta se construísse uma
capela a N.ª S.ª do Monte do Carmo e que trasladassem
para essa capela os seus restos mortais, pois até esse
tempo ficaria sepultado na ermida de S. Gregório, em
Castelo Branco.


Mais declarou no testamento, que a sua herdeira
universal era a sua irmã D. Madalena da Silveira,
casada com Manuel Henriques de Miranda.
Foi assim que a quinta passou a ser conhecida pela
Quinta Nova do Miranda.


Passados 17 anos foi, finalmente, feita a trasladação dos
restos mortais de Gil Vaz Lobo para a sua quinta de
Odivelas. A lápide lá está ainda hoje, a comprová-lo.
O nome nela gravado é Gil Vaz Lobo Freire, mas ele
não tinha o apelido “Freire”, embora esse fosse também
um apelido da sua família. Em documentos oficiais
nunca aparece o Freire.


Manteve-se a quinta, por heranças sucessivas, na posse
dos Miranda Henriques, até que a última proprietária
desta família a deu como garantia de um empréstimo, que não conseguiu pagar, vindo a ser comprada pelo
senhor José Rodrigues Mendes, em 1879. Esta é a razão
de lhe chamarem quinta do Mendes.


A capela de N.ª S.ª do Monte do Carmo é hoje a
recepção e a galeria de exposições da Biblioteca
Municipal D. Dinis, onde podemos ver a lápide tumular,
feita quando da trasladação. Os restauradores do edifício
tiveram o bom senso de a conservar.

Parabéns a todos os que compreendem que restaurar é integrar e não eliminar.
A nossa identidade não subsiste sem memórias e um povo
sem história é um povo sem futuro.

Maria Máxima Vaz


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