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MORREM MAIS DE MÁGOA

Escrito por em Fevereiro 9, 2021

Saul Bellow

PRÉMIO NOBEL DA LITERATURA 1976

Kenneth Trachtenberg, o narrador de Morrem mais de Mágoa, é um especialista em literatura russa que abandona Paris, a sua cidade natal, para ir ao encontro do tio.
Morrem mais de Mágoa tem o humor ágil da farsa francesa, mas são inseparáveis do seu enreedo tragicómico as análises engenhosas do autor sobre a vida moderna e o dilema de dois homens, cujos espíritos brilhantes não os salvam de Benn Crader, um botânico famoso. As muitas facetas da relação entre estas duas personagens inquietantes, irrequietas e excêntricas – ambas procurando no erotismo e num amor calmo, diverso das convulsões sexuais do século XX, resposta para a satisfação que os persegue – são o pretexto de uma narrativa cheia de humor e inteligência e sabedoria. Por que será que, quando surgem os problemas, as pessoas procuram em primeiro lugar o remédio sexual? Por que será que as pessoas inteligentes e dotadas se encontram invariavelmente atoladas numa miserável vida particular? Por que será que os sobredotados, os intuitivos, os que são capazes de ler no livro dos mistérios da Natureza, hão-de ser tão incautos e tolos?

Escritor norte-americano de etnia judaica, Saul Bellow nasceu a 10 de junho de 1915 em Lachine, nas cercanias de Montreal, no Canadá. Filho de judeus russos que haviam imigrado dois anos antes do seu nascimento, viveu num bairro desfavorecido de Montreal até 1924, altura em que a família se decidiu mudar para Chicago.
A sua mãe faleceu em 1932 mas, apesar do desgosto profundo que sofreu, Saul Bellow conseguiu ser admitido no curso de Literatura Inglesa da Universidade de Chicago. Acabou no entanto por pedir transferência para a Northwestern University , de onde obteve um diploma em Antropologia e Sociologia em 1937.
Matriculou-se depois num curso de pós-graduação na Universidade de Wisconsin, que logo abandonou, casando-se e decidindo tornar-se escritor a tempo inteiro. Na obrigação de sustentar a sua nova família, começou a lecionar na Escola Normal Pestalozzi-Froebel de Chicago em 1938, e aí permaneceu até 1942, iniciando então uma colaboração com o departamento editorial da Enciclopédia Britânica.
No ano de 1944, e no âmbito da entrada dos Estados Unidos da América na Segunda Guerra Mundial, foi destacado para a Marinha Mercante. Não foi destacado para a Marinha de Guerra devido à sua ascendência russa e às simpatias que nutria na época pelos ideais de esquerda.
A vida a bordo proporcionou-lhe o tempo e a disposição necessárias ao retomar da escrita e, assim, publicou nesse mesmo ano de 1944 o seu primeiro romance, The Dangling Man . A obra, em parte autobiográfica, conta a história de um jovem que atravessa uma crise ao saber que vai ser recrutado. Em 1947 foi a vez da segunda, The Victim.
Em 1948 recebeu uma bolsa da Fundação Guggenheim, e partiu para a Europa, passando cerca de dois anos em Paris. Aí compôs The Adventures Of Augie March (1953), que lhe valeu o National Book Award no ano seguinte ao da sua publicação.
O seu sucesso como romancista foi continuado com obras como Seize The Day (1956) e Herzog (1964), relato das desventuras de Moses Herzog, um intelectual judeu que enlouquece e que, para sobreviver às suas tendências suicidas, escreve cartas a Deus e a filósofos desaparecidos. No ano de 1976 recebeu o Prémio Pulitzer na categoria de Ficção pela publicação de Humboldt’s Gift (1975), romance em que descreve o percurso de um escritor de sucesso, Charlie Citrine, a quem falta talento. Nesse ano de 1976 foi também galardoado com o Prémio Nobel da Literatura.
Faleceu a 5 de abril de 2005, na sua residência em Massachussetts, aos 89 anos.

CRÍTICAS DE IMPRENSA

«Bellow é um malabarista da palavra, capaz de contar uma história com um mínimo de acção e um máximo de ideias e referência filosóficas e literárias. O seu ritmo, a sua aparente discrição e as suas raízes judias e russas podem não revelar, numa primeira impressão, o lado extremamente cómico das suas personagens, envolvidas em tramas sentimentais e angústias existenciais. […] Falta acrescentar que Saul Bellow continua a ser, cinco anos após a sua morte, uma espécie de “guru” de (já) várias gerações de escritores.»
Helena Vasconcelos, Público«Quando viramos as últimas páginas deste livro, sentimos que não há imagem que tenha ficado inexplorada por uma mente imparável e simultaneamente distanciada de si mesma.»
The New York Times Book Review


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