MORTE DO MAESTRO JOSÉ ATALAYA
Escrito por Paulo António Monteiro em Fevereiro 24, 2021
Faleceu José Atalaya, o Maestro que “só queria ser feliz em cada momento do seu trabalho”. O Presidente da República enaltece a sua obra na divulgação da música erudita.
Lisboa, 23 Fev 2021 – A agência Lusa noticiou que o maestro José Atalaya, morreu na passada sexta-feira, 19 de Fevereiro, aos 93 anos. Numa nota no portal da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa, recorda o seu percurso. O chefe de Estado escreve que José Atalaia “foi durante décadas um dos mais conhecidos divulgadores da música erudita em Portugal”.
“Através do seu trabalho e dedicação, em registo informado e informal, à imagem de Leonard Bernstein, diversas gerações portuguesas tiveram a sua primeira, e às vezes decisiva, educação musical”, acrescenta o Presidente da República.
Nesta mensagem de pesar, refere-se que José Atalaia foi “aluno de Luís de Freitas Branco” e “estreou-se como compositor em 1955, numa carreira que o levaria mais tarde à música eletrónica e eletroacústica”.
“Bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, viria a destacar-se como musicólogo, maestro e pedagogo, em programas da Emissora Nacional, depois RDP, e da RTP, tendo também fundado a Juventude Musical Portuguesa e dirigido o Grupo Experimental de Ópera de Câmara, a Orquestra Sinfónica do Porto e a Orquestra Clássica do Porto, sem esquecer a Academia de Música que tem o seu nome, em Fafe, entre muitas outras iniciativas, concertos e festivais”, pode ler-se na nota da Presidência da República.
Nascido em Lisboa, em 08 de dezembro de 1927, José Atalaya ingressou, em 1951, como assistente musical, na antiga Emissora Nacional, onde iniciou um percurso de divulgação que se estendeu à RTP e a diferentes palcos nacionais, através de programas como “Quinzenário Musical” e “Semanário Musical”, que manteve durante mais de 15 anos e que, em 1971, em entrevista, considerou um dos seus trabalhos “mais apaixonantes”.
Defendia a necessidade de “destruir a barreira entre o público e o artista” e de “informalizar os concertos” de música erudita.
Como líder da orquestra do Instituto de Meios Audiovisuais de Educação, visitou escolas, universidades e esgotou auditórios como os teatros S. Carlos em Lisboa e Rivoli no Porto onde milhares de jovens, fascinados pela simplicidade com que “desconstruía” a complexidade das obras clássicas, tiveram o privilégio de assistir aos seus concertos tocados e explicados.
Para assistir a uma das entrevistas concedidas por José Atalaya à RTP Clique em:
Um Dia Com… José Atalaya – RTP Arquivos
O velório de José Atalaya realiza-se na quinta-feira, na igreja de Nossa Senhora da Boa-Hora, em Lisboa, entre as 10:00 e as 14:00, seguindo o funeral para o cemitério de Barcarena, em Oeiras.
Paulo António Monteiro