Depois da longa contestação à edificação no Largo de São Miguel, em Alfama, o Museu Judaico de Lisboa tem finalmente um pouso. Esta quarta-feira, 31, foi assinado um protocolo de colaboração entre a Câmara Municipal de Lisboa e a Associação Hagadá, para a construção e gestão do futuro museu em Belém, entre a Avenida da Índia e a Rua das Hortas, junto ao Tejo. O acordo de direito de superfície do terreno onde a obra será efectuada é válido durante 75 anos, podendo ser renovado. Daniel Libeskind, arquitecto polaco-americano responsável pelos museus judaicos de Berlim, Copenhaga e São Francisco, ou pela construção do memorial Ground Zero, em Nova Iorque, assina o projecto na capital portuguesa.
Na cerimónia, que decorreu na data simbólica em que se assinala o segundo centenário da abolição da Inquisição em Portugal, o presidente da autarquia, Fernando Medina, afirmou que o futuro museu representa um ponto de partida para mostrar ao mundo uma história milenar e que permite fazer uma afirmação política muito clara de que “Lisboa vai bater-se pelos valores da convivência de culturas, e do respeito mútuo como elemento chave de uma sociedade”. Apelidado de Tikvá, palavra hebraica que significa “esperança”, o museu terá uma área aproximada de 4000 metros quadrados e deverá estar concluído em 2024.
A construção deste museu está envolta em grande contestação desde 2016, altura em que foi anunciado que seria edificado no Largo de São Miguel. Um ano depois foi lançada uma petição contra o avanço das obras do museu naquela zona de Alfama e interposta uma providência cautelar em tribunal pela Associação do Património e População de Alfama. Depois de uma decisão desfavorável no Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa, que dava permissão à autarquia para avançar com as demolições no local, a associação recorreu e encaminhou a disputa para o Tribunal Central Administrativo do Sul, que mandou suspender as obras.
No terreno da obra projectada para Alfama, que ficaria a cargo de Graça Bauchmann, em colaboração com Luís Neuparth e Pedro Cunha, antes cedido à Associação de Turismo de Lisboa, deverá nascer um memorial ao povo judaico.
(via: timeout)