PLATAFORMA "CLIVEON – CULTURA LIVE ONLINE" AO VIVO A PARTIR 1 JULHO
Escrito por Jorge Gaspar em Maio 26, 2020
É a cultura ao vivo online e com uma programação regular de cinco eventos por semana. A plataforma Cliveon – Culture Live Online abre portas a 1 de julho com autênticas salas de espetáculo digitais.
“Ir” a concertos, ao teatro ou a museus vai custar 2 euros na Cliveon
A ideia é rentabilizar e profissionalizar o mundo das emissões virtuais em direto. Há concertos, peças de teatro, espetáculos de stand-up, de dança, visitas a museus ou conferências. Com nomes portugueses e estrangeiros. Todos os espetáculos custam 2 euros.
A cantora Carolina Deslandes inaugura o “palco” a 21 de junho numa ante-estreia.
Quando Miguel Belo, que ainda tem uma costela de músico de outros tempos, se apercebeu que “os artistas e técnicos não iam ter forma de ganhar dinheiro durante esta crise” e que “de repente estão todos a fazer conteúdos gratuitos na net” ou a “criar plataformas sem uma programação estudada”, começou a magicar uma solução. “Decidi criar algo profissional”, diz o diretor geral da Brain, empresa da área do entretenimento e da comunicação. Foi assim que fez nascer a Cliveon, a plataforma de streaming que promete cinco conteúdos por semana, em direto, de domingo a quinta-feira, sempre às 21.30 horas.
Miguel juntou-se à Bilheteira OnLine (BOL), o parceiro onde os bilhetes estarão à venda. “Quis chegar a toda a gente e pensei num valor possível para qualquer pessoa em casa poder pagar, um projeto inclusivo”, diz. E conseguiu: independentemente do conteúdo, todos os bilhetes custam 2 euros. “Há uma hora marcada e o espetáculo está a acontecer em tempo real. Tal e qual como se entrássemos numa sala”. Com uma particularidade: os conteúdos em português vão ter tradução para língua gestual em simultâneo.
A programação, que ainda não foi revelada, também será abrangente. “Na generalidade, o que se estava a fazer online era comédia e música. Vamos fazer muito mais que isso. Terá teatro, dança, visitas a exposições de museus, conferências”, explica. E a Cliveon vai contar com a ajuda de embaixadores. Um deles é Saul Davies, guitarrista da banda britânica James, que será o curador da oferta do Reino Unido. Outro é Joe Reitman, ator, realizador e produtor norte-americano, que vai ser o mentor dos conteúdos que vão chegar dos EUA. “O Joe terá também o seu próprio programa onde vai realizar entrevistas a músicos, pintores, atores”, diz Miguel Belo.
Mas antes disso, há uma ante-estreia a 21 de junho. “Vamos ter um concerto em direto com a Carolina Deslandes. Quisemos uma artista portuguesa”. E os artistas terão novamente técnicos a ajustar-lhes a luz e o som. Todos os espetáculos vão ser gravados “de forma profissional” com uma equipa de filmagens. “A nossa equipa vai deslocar-se aos locais, seja onde for, para filmar os artistas. Hoje, 99% dos conteúdos que vemos são pessoas em casa com um telemóvel. Queremos mais que isso”. Miguel tem estúdios no Porto, em Lisboa e em Coimbra, que poderão servir de palco. Mas a equipa também pode ir a casa ou a uma sala de ensaios à escolha dos artistas. “Será como se estivéssemos a ver um espetáculo ao vivo”, promete.
A plataforma quer ajudar o setor e o modelo de negócio é simples. “Quanto mais pessoas assistirem, mais os artistas ganham. Por isso é que o bilhete é barato. Queremos criar no público a vontade de colaborar com a cultura que está a ser tão arrasada”. Miguel faz contas rápidas de cabeça: “Vamos ter mais ou menos 20 conteúdos por mês. Entre a equipa Cliveon e a equipa técnica de cada artista, teremos uma média de 20 pessoas a colaborar em cada produção que poderão ter retorno financeiro. São 400 pessoas por mês”.
O mentor da Cliveon tem “a certeza absoluta” que depois dos primeiros meses, a plataforma não terá apenas um conteúdo por dia. E já pensa em mantê-la pós-pandemia. “Por um lado, porque promove o acesso barato à cultura a pessoas que não têm dinheiro para ver um espetáculo ao vivo. Por outro, queremos que a palavra Cliveon faça parte do dicionário dos portugueses quando a pandemia acabar. Vai ser uma forma quase natural de as pessoas acederem a conteúdos culturais no digital”. Uma coisa é certa: isto nunca vai substituir um espetáculo ao vivo. “Mas é uma alternativa válida e abre portas à cultura para toda a gente”.