SOLISTAS DA METROPOLITANA EM DOSE DUPLA NA ESTREIA DE NOVA OBRA DE SÉRGIO AZEVEDO
Escrito por Jorge Gaspar em Novembro 6, 2020
Os Solistas da Metropolitana voltam este sábado ao Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, para mais uma apresentação integrada na Temporada de Música de Câmara da Metropolitana.
O programa “Danças”, que tem início às 16h00 e é de entrada livre, conta com a interpretação de três obras: “Sete Apotegmas”, de Fernando Lopes-Graça, “Suite de Danças”, de Joly Braga Santos, e, em estreia absoluta, “Suite (Quase) Rústica”, composta por Sérgio Azevedo.
Em declarações ao site da Metropolitana, o compositor português, de 51 anos, que foi aluno de Lopes-Graça, não escondeu a influência que este teve na sua vida e carreira artísticas.
“Esta obra é, na realidade, uma (re)composição de algumas peças para piano de Fernando Lopes-Graça, trabalho que tenho realizado nos últimos dois anos (“Horas Pastoris” e “Danças Concertantes”, por exemplo), e que visa “arranjar” de forma muito livre, mas respeitando o espírito do original, algumas das maravilhosas peças de piano de Lopes-Graça num contexto mais ambicioso, quer de câmara quer sinfónico”, explicou Sérgio Azevedo.
O título que deu à sua obra “Suite (Quase) Rústica” assume essa própria ligação. “A ideia foi, precisamente, a de jogar com esse título, sendo que a “Suite Rústica” do Graça usa melodias populares genuínas como base da música, e esta minha suite, ao usar obras de Lopes-Graça não devedoras diretas dessas melodias, é, na realidade uma suite (quase) rústica, sem o chegar a ser portanto, dado as melodias não serem genuínas”, acrescenta.
O espírito da música tradicional, reforça o compositor, está lá, embora sem a presença efetiva. “Não encontramos música tradicional, como referi, de forma directa. O que encontramos nas obras do Graça, e que usei nesta minha obra, é o denominado “Folclore Imaginário”, uma expressão de que gosto bastante e que se refere à utilização do espírito da música tradicional sem necessariamente a citar directamente. O nome explica o conceito de forma clara, parece-me. Ou, como diria Villa-Lobos, à laia de um Louis XIV, “O folclore sou eu”!”
“Suite (Quase) Rústica”, escrita recentemente é também uma homenagem de Sérgio Azevedo ao oboísta português Samuel Bastos, que integrava a Orquestra da Ópera de Zurique, e que foi encontrado morto na Suíça em maio deste ano.
“O Samuel tinha em projeto, quando morreu, estrear uma obra minha que eu lhe iria escrever. Infelizmente, o projeto ficou adiado para sempre. Esta peça, que tem uma dimensão apreciável em termos da duração e de complexidade de execução, foi a maneira que encontrei, como compositor, de o homenagear de forma digna”, conclui Sérgio Azevedo.
O concerto deste sábado à tarde, no Museu Nacional de Arte Antiga, tem início às 16h00, e será protagonizado por Sally Dean (oboé), Andrei Ratnikov (viola), Ercole de Conca (contrabaixo) e Savka Konjikusic (piano).
Este programa repete no domingo, também às 16h00, mas já no Museu do Oriente, igualmente em Lisboa. A não perder!