NOVO VENCEDOR PRÉMIO CAMÕES 2020 SUCEDE A CHICO BUARQUE
Escrito por Jorge Gaspar em Outubro 27, 2020
“VÍTOR AGUIAR E SILVA”
Prémio Camões distingue personalidades com contributos de excelência no domínio da língua portuguesa.

O ensaísta e antigo professor universitário Vítor Aguiar e Silva, de 81 anos, é o novo vencedor do Prémio Camões. O anúncio foi feito esta terça-feira após deliberação do júri do prémio, que distingue anualmente uma personalidade pelo seu contributo de excelência para a língua portuguesa.
Em comunicado enviado pelo ministério da Cultura, o júri do prémio, que este ano foi composto pelo escritor guineense Tony Tcheka e pelos professores universitários — de Portugal, Brasil e Moçambique — Clara Rowland, Carlos Mendes Sousa, António Cícero, António Hohlfeldt e Nataniel Ngomane, justifica a escolha com “a importância transversal” da “obra ensaística” de Vítor Aguiar e Silva.
A atribuição do Prémio Camões a Vítor Aguiar e Silva reconhece a importância transversal da sua obra ensaística, e o seu papel ativo relativamente às questões da política da língua portuguesa e ao cânone das literaturas de língua portuguesa”, refere o comunicado.
Diz ainda o júri que “no âmbito da teoria literária, a sua obra reconfigurou a fisionomia dos estudos literários em todos os países de língua portuguesa. Objeto de sucessivas reformulações, a Teoria da Literatura constitui-se como exemplo emblemático de um pensamento sistematizador que continuamente se revisita. Releve-se igualmente o importante contributo dos seus estudos sobre Camões”.
Já a ministra da Cultura, Graça Fonseca, quis destacar não apenas as “qualidades intelectuais e académicas” de Vítor Aguiar e Silva como também o “perfil humanista com que marcou gerações de alunos e leitores”. Reagindo através de um vídeo, enviado ao Observador, a ministra acrescentou: “A sua obra revela o seu apurado sentido crítico e um sempre renovado olhar de leitor. Parabéns, Vítor Aguiar e Silva, por este mais do que merecido Prémio Camões”.
Vítor Aguiar e Silva – Professor catedrático, vice-reitor, investigador e professor de literatura
Nascido em Penalva do Castelo em 1939, tendo já celebrado este ano 81 anos, Vítor Aguiar e Silva obteve “todos os seus graus e títulos académicos” na Universidade de Coimbra, tendo depois sido professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade em que se formou até 1989. Posteriormente foi professor catedrático do Instituto de Letras e Ciências Humanas da Universidade do Minho, tendo dirigido o Centro de Estudos Humanísticos e a revista Diacrítica.
Vítor Aguiar e Silva foi ainda vice-reitor da Universidade do Minho entre 1990 e 2002, tendo passado em 2002 à situação de professor aposentado.
O ensaista e antigo professor universitário dedicou boa parte da vida ao estudo, ensino e investigação da Teoria da Literatura e da Literatura Portuguesa do Maneirismo, do Barroco e do Modernismo. Como investigador, como aliás a posição oficial do júri o expressa, dedicou-se em especial aos estudos camonianos.
Vítor Aguiar e Silva já tinha sido distinguido com o Prémio Vergílio Ferreira (atribuído pela Universidade de Évora e entregue em 2002), com o Prémio Vida Literária (promovido pela Associação Portuguesa de Escritores e pela Caixa Geral de Depósitos e entregue em 2007) e em 2018 com o Prémio Vasco Graça Moura da Cidadania Cultural.
O Prémio Camões, instituído por Portugal e pelo Brasil em 1989, é o prémio de maior prestígio da língua portuguesa. Com a sua atribuição, é prestada anualmente uma homenagem à literatura em português, recaindo a escolha num escritor cuja obra contribua para a projeção e reconhecimento da língua portuguesa.
O Prémio Camões foi já atribuído, por ordem cronológica, a Miguel Torga (Portugal), João Cabral de Mello Neto (Brasil), José Craveirinha (Moçambique), Vergílio Ferreira (Portugal), Rachel de Queiroz (Brasil), Jorge Amado (Brasil), José Saramago (Portugal), Eduardo Lourenço (Portugal), Pepetela (Angola), António Cândido (Brasil), Sophia de Mello Breyner Andresen (Portugal), Autran Dourado (Brasil), Eugénio de Andrade (Portugal), Maria Velho da Costa (Portugal), Rubem Fonseca (Brasil), Agustina Bessa-Luís (Portugal), Lygia Fagundes Telles (Brasil), Luandino Vieira (Angola), António Lobo Antunes (Portugal), João Ubaldo Ribeiro (Brasil), Arménio Vieira (Cabo Verde), Ferreira Gullar (Brasil), Manuel António Pina (Portugal), Dalton Trevisan (Brasil), Mia Couto (Moçambique), Alberto da Costa e Silva (Brasil), Hélia Correia (Portugal), Radouan Nassar (Brasil), Manuel Alegre (Portugal), Germano Almeida (Cabo Verde), Chico Buarque (Brasil).
(via: observador)