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XIII WEST COAST "UMA VIAGEM EM PIANOFORTE ATÉ BEETHOVEN"

Escrito por em Novembro 20, 2020

20 NOVEMBRO | 20H30  CAPELA de SANTO AMARO

LAURA GRANERO, pianoforte


Georg Friedrick Händel (1685-1759)
Ária “Lascia ch’io pianga” (de ‘Rinaldo’, 1711)
Transcrição para cravo de William Babell (1717)
Domenico Scarlatti (1685-1757)
Sonata em fá maior [mi menor no original], ext.“12 Sonates pour
clavecin ou forte-piano composées dans le style du célèbre Scarlatti” (ed. 1792)
Marcos Portugal (1762 – 1830)
Ária a anunciar (transcrição de Laura Granero/2020)
Sebastián de Albero (1722-56)
Ricercata n.º 3, em si bemol maior (ed. 1727)
João de Sousa Carvalho (1745-98) / Mattia Vento (1735-76)
Toccata/Sonata em sol menor (ed. Londres, 1767)
Antonio Soler (1729-83)
Fandango, R146 (?)
João Domingos Bomtempo (1775-1842)
Fandango com variações, op. 4 (1806)
Sonata em sol menor, op. 15 n.º 2 (1811)
Largo con molto espressione
Presto
Ludwig van Beethoven (1770-1827)
6 Escocesas, WoO83 (1806)
Sonata n.º 15, em ré maior, op. 28, ‘Pastoral’ (1801)
Allegro
Andante
Scherzo. Allegro vivace
Rondo. Allegro ma non troppo


NOTAS AO PROGRAMA

Uma viagem em pianoforte até Beethoven.


Este recital coloca a música de Beethoven em diálogo com a de compositores do
espaço ibérico, e em particular com a de João Domingos Bomtempo, seu quase
exacto contemporâneo e um ardente admirador da música do compositor alemão.
Ao mesmo tempo, traça-se um percurso pela evolução da escrita para tecla ao
longo do século XVIII, desde obras tipicamente cravísticas até outras, como a
famosa Sonata ‘Pastoral’, que encerra o programa, para cuja plena realização já são
indispensáveis as características e possibilidades do pianoforte.

(Bernardo Mariano)

NOTAS BIOGRÁFICAS


LAURA GRANERO
Nascida em Madrid em 1991, Laura Fernández Granero começou a estudar piano
aos sete anos no Conservatorio Profissional de Música Arturo Soria com Tony Millán.
Posteriormente, estudou com o professor Nino Kereselidze no Centro de Enseñanza
Musical Katarina Gurska, formando-se em 2008. Durante sete anos estudou com
Claudio Martínez Mehner no Conservatório Superior de Música de Aragão
(Saragoça) e no Centro Superior Katarina Gurska.
O seu profundo interesse pela performance histórica levou-a a estudar cravo no
Conservatório Superior de Música de Castela e Leão (Salamanca) com os
professores Pilar Montoya e Jorge García Martín. Frequentou masterclasses com
Bertrand Cuiller, Jacques Ogg, Maggie Cole, Robert Levin, Amandine Beyer,
Malcolm Bilson, Jos van Immerseel, Pierre Hantaï, entre outros. Após obter o
bacharelato em pianoforte com distinção, na classe de Edoardo Torbianelli na
Schola Cantorum Basiliensis em 2016, Laura encentou o mestrado em pianoforte na
mesma instituição. Frequentou aulas com Anton Kernjak, Jesper Christensen e
Rainer Schmidt, Andreas Scholl, Evelyn Tubb, Anthony Rooley, Amandine Beyer e
Marc Hantaï. Realizou recitais a solo e de música de câmara em salas como o
Auditorio Nacional de Música de Madrid, Auditorio Conde Duque (Madrid), Arnold
Schönberg Center (Viena), Sala de la Fuente Dorada (Valladolid), Schloss Reichenau
(Suíça), a Coleção Tagliavini (Bolonha), Abadia de Saintes (França), Haus “zum
Schönek” (Basel), Grote Zaal do Tivoli Vredenburg, Museu Catharijneconvent e no
Stadsklooster. Integra o Ensemble La Guirlande (www.laguirlande.com), sob a
direção artística do flautista Luis Martínez Pueyo. Juntamente com o violinista Ajay
Ranganathan, Laura Granero foi uma das primeiras laureadas da Fondation
Royaumont, tendo tido a oportunidade de gravar para a France Musique em
Outubro de 2015. O compositor português César Viana escreveu e dedicou a ela e
a Ajay a sua peça “Ist gerettet” (2016). Laura é diretora artística do Proyecto Notre
Temps, que visa promover o interesse pelo pianoforte na Península Ibérica, de
concertos, conferências e masterclasses.

O West Coast – Festival de Música Antiga de Oeiras foi criado em 2008 e conta desde a 1.ª edição com o apoio e a parceria da Câmara Municipal de Oeiras. Em 2020, o Festival decorre de 4 a 29 de novembro e apresenta uma programação inteiramente dedicada a Beethoven e seus contemporâneos, assinalando deste modo os 250 anos do nascimento do compositor alemão. As actividades serão repartidas entre a Capela de Nossa Senhora da Conceição e de Santo Amaro, em Santo Amaro de Oeiras (concertos e masterclasses de pianoforte) e a Escola de Música de Nossa Senhora do Cabo, em Linda-a-Velha (restantes actividades).
Nesta edição, caberá ainda a Oeiras o privilégio de ouvir em estreia absoluta um pianoforte (cópia de um instrumento alemão da década de 1770), recentemente restaurado pelo construtor holandês Geert Karman na sua oficina, no concelho vizinho de Cascais.
Para estrear tal instrumento, convidámos as pianofortistas Yuko Inoue e Laura Granero, as quais, em conjunto com os violinistas Florian Deuter e Davide Monti, o cravista Ketil Haugsand e a harpista Maria Cleary, entre outros intérpretes, irão celebrar nos seus concertos a perene actualidade da mensagem musical e humanista de Beethoven, figura maior e revolucionária da cultura ocidental. 
Ao longo do seu historial, o West Coast tem valorizado o património arquitectónico civil, militar e religioso do concelho de Oeiras. Por outro lado, o Festival dá particular destaque nas actividades que organiza aos repertórios musicais originados em Portugal, referindo-se, por exemplo, a estreia moderna das ‘Vésperas de Natal’, de João Lourenço Rebelo e dos ‘Concerti Grossi’, de Pereira da Costa. Noutra vertente, promoveu o 1.º simpósio nacional dedicado ao património musical português. 
Uma das marcas do Festival West Coast é o modo singular como desenvolve sinergias relevantes para a formação de jovens músicos e para a difusão dos repertórios musicais pré-1800, assim como dos instrumentos utilizados nessas épocas. Nesse sentido, organiza concursos, masterclasses, encontros com músicos, estágios, exposições de iconografia musical, etc. Paralelamente, o Festival tem procurado aproximar-se da comunidade envolvente através de diversos ‘workshops’ (dança barroca, consort de flautas), visitas guiadas ao património, espectáculos para crianças, apresentação de CD’s, visionamento comentado de filmes, etc. Desenvolve ainda acções ligadas à Academia, como conferências e apresentações de livros e de edições musicais.
Num ano tão negativamente marcado pela pandemia, confiemos na música de Beethoven para alegrar os nossos espíritos. Um bom Festival a todos!

 
João Paulo Janeiro
Director Artístico

Capela de Santo Amaro

Este pequeno templo de fundação muito antiga foi erguido pela Irmandade da Conceição. Segundo a tradição popular sabemos que D. Manuel I tinha grande fé em Santo Amaro e visitava frequentemente a pequena capela. Bastante danificada com o terramoto de 1755, foi reconstruída e remodelada no Século XVIII.O seu interior é formado por uma só nave e capela-mor. Os três altares apresentam retábulos do final do séc. XVIII, as abóbadas são adornadas de estuques em estilo rococó e os silhares de azulejos são também do séc. XVIII, com possível proveniência da Real Fábrica do Rato. Estes representam painéis historiados, pintados a azul e branco com passos da vida da virgem, na cave, e a Morte e a Assunção da Virgem na Capela-mor. Na sacristia salienta-se o pavimento e o lavabo do século XVIII.

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